Coimbra

Interior tem de apostar na inovação tecnológica e nos mercados externos

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 26-11-2020

A primeira edição das Conferências do Centro, em Alvaiázere, resultou num consenso sobre a importância de “criar marcas inovadoras” no interior do país, que “acrescentem valor e diferenciação social e ecológica”. As propostas vieram de Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta Cafés – um grupo que, a partir de Campo Maior e com um produto importado, se tornou líder ibérico no seu setor –, de António Trigueiros de Aragão, administrador das Fábricas Lusitana – líder nacional de farinhas alimentícias, e com fábricas na Beira Baixa, em Alcains –, e de João Torres, secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor.

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O empenho na “modernização tecnológica das empresas”, na “capacitação de mão-de-obra qualificada”, e na “internacionalização de produtos” – endógenos ou não – foram as principais soluções apontadas para estimular a economia nas regiões de baixa densidade. “A dinamização dos territórios do interior, valorizando e promovendo a economia local, é essencial para o desenvolvimento do país”, afirmou o secretário de Estado João Torres.

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Luís Matos Martins, CEO dos Territórios Criativos, a empresa de consultadoria e de apoio ao empreendedorismo que organiza as Conferências do Centro, defendeu a “importância da convergência de estratégias entre marcas e a partilha de experiências de marketing, comerciais, de investigação de base tecnológica, etc.”. Os oradores defenderam que as pequenas empresas do interior deveriam ser premiadas coma atribuição de benefícios fiscais: “Quem cria valor tem de ser recompensado por isso”, afirmou António Trigueiros. 

Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta Cafés, apontou a inovação e o reforço tecnológico das empresas como uma via indispensável para a internacionalização dos produtos – endógenos ou não. “O aceleramento tecnológico poupará anos de trabalho, tornará o comércio mais justo, atrairá pessoas, aumentará a competitividade”, afirmou. 

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“O café é importado, não é endógeno”, continuou Rui Miguel Nabeiro. “Na Europa não se produz café, exceto nos Açores: a Delta contribuiu para o crescimento da sua região, criando postos de trabalho, porque diversificou os seus produtos e inovou-os constantemente”. Um exemplo disso é “projeto de reaproveitamento da borra de café para a produção de cogumelos, fruto de uma recente parceria da Delta com uma startup portuguesa”.  

António Trigueiros, administrador das Fábricas Lusitana – as produtoras da farinha Branca de Neve – reiterou a pertinência de asseverar a “inovação, consistência e equilíbrio, sem nunca defraudar o consumidor”, num momento em que a marca está prestes a atingir um centenário de existência. “É fundamental apostar, antes de tudo, na educação e investigação, assim como investir em infraestruturas tecnológicas para poder atrair mão-de-obra qualificada para o interior”, afirmou.

Paulo Fernandes, presidente da Câmara do Fundão, explicou durante a sua intervenção como é que a cereja daquela região conseguiu atingir um impacto de quase 20 milhões de euros na economia local. “Criar esta marca foi uma decisão difícil, já que pôs em causa um modelo organizacional centrado numa cooperativa com perto de 200 comerciantes. A gestão era pouco viável. Mas conseguimos criar uma história de sucesso utilizando os instrumentos da gestão empresarial”, afirmou. 

O secretário de Estado do Comércio afirmou que “esta pandemia veio comprovar a importância da autonomia estratégica dos territórios – países e/ou regiões – para fazer face às necessidades mais básicas dos cidadãos”. Segundo João Torres, cada um dos 308 municípios de Portugal pode contribuir para o desenvolvimento social e económico do país “promovendo a coesão social e territorial num país com tantos desafios pela frente: a digitalização, a demografia, as desigualdades…”.

A primeira edição das Conferências do Centro, uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Alvaiázere e pelos Territórios Criativos, teve como tema de estreia os “Produtos Endógenos – O Rosto dos Territórios”, e foi hoje transmitida online numa sessão aberta por Célia Marque, presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere e anfitriã do evento.

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