Incêndios: Arganil prepara um modelo de reflorestação que olha para a floresta no seu todo

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 14-01-2018

A Câmara de Arganil está a preparar um “modelo equilibrado de reflorestação do território”, criado com a ajuda de instituições de ensino superior e em que não se esquece o património paisagístico da floresta.

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“Logo após o incêndio percebemos que esta circunstância nos obrigava a ser ativos e a apontar caminhos. Foi nesse sentido que decidimos começar a trabalhar com instituições do ensino superior para definir um modelo equilibrado de reflorestação do território”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara, Luís Paulo Costa.

Neste concelho do distrito de Coimbra, onde está uma parte significativa da serra do Açor, a autarquia quer uma mudança na floresta, depois de o incêndio de outubro ter consumido grande parte da mancha florestal.

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O modelo está a ser desenvolvido em várias componentes numa parceria com a Escola Agrária de Coimbra, o Instituto Superior de Agronomia (ISA) e uma docente da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Sílvia Benedito.

Segundo Luís Paulo Costa, a intervenção divide-se em três vetores: a proteção das aldeias (contributo da Agrária de Coimbra), a reflorestação do território (com ajuda do ISA) e a floresta como património paisagístico (contributo de Sílvia Benedito).

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Para o autarca, é necessária uma perspetiva integrada da floresta, que não olhe apenas para a economia, mas para a paisagem e para a proteção das populações.

Luís Paulo Costa dá o exemplo da aldeia de Soito da Ruiva, onde foi possível identificar “um conjunto de socalcos que estavam escondidos pela floresta”, bem como “doze moinhos”.

“Tem de se considerar a paisagem. Não é só floresta. Há que assumir que algumas áreas na proximidade das aldeias possam ter outras coisas que não floresta. Por exemplo, introduzindo-se a pastorícia, permite-nos ter os socalcos com vegetação controlada”, fundamentou, acrescentando que a paisagem fica mais aprazível.

Já na área da proteção das aldeias, o município pretende que o modelo estimule a organização de cada uma das aldeias e crie perímetros de proteção.

Segundo Luís Paulo Costa, há a perspetiva de ter o modelo finalizado até ao final de janeiro para poder depois ser discutido com parceiros, como juntas de freguesia ou comissões de melhoramentos das aldeias.

“Há que envolver as pessoas”, defendeu.

O autarca sublinha ainda que olha com “alguma apreensão” para o reordenamento florestal, considerando que o mesmo tem que avançar o mais rapidamente possível.

“Há propriedades florestais com dois ou três mil metros quadrados. Isso não permite fazer uma gestão planificada e profissional da floresta”, notou.

Relativamente à reconstrução das casas de primeira habitação, há 118 destruídas, sendo que 18 processos já foram submetidos à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), seis dos quais já validados.

Além disso, já está a ser executada a obra “em nove habitações”, acrescentou.

Grande parte da Mata Nacional da Margaraça deverá recuperar do fogo de outubro de 2017, já que houve uma regeneração “na ordem dos 80% da área ardida”, explicou.

“Na mata, foi um fogo rasteiro que ardeu de forma lenta, enquanto na floresta de pinheiro e eucalipto foi um fogo com altura superior a dez metros e uma violência muito maior”, frisou.

Os fogos de outubro em vários concelhos do país, que surgiram em zonas florestais e atingiram sobretudo a região Centro, fizeram 45 mortos e dois desaparecidos, além de cerca de 70 feridos.

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