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Helena Freitas considera que combate a fogos bateu no fundo

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 30-07-2017

A académica Helena Freitas considera que Portugal “bateu no fundo” ao falhar no combate aos grandes incêndios deste verão, apontando o “descrédito, desencanto e insegurança” dos cidadãos em relação ao território, que só se inverterá com “uma alteração profunda da floresta”.helena freitas

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Helena Freitas coordenou a Unidade de Missão para a Valorização do Interior até ao dia em que António Costa decidiu mudar a sede de Coimbra para Pedrógão Grande, o que aconteceu depois dos incêndios que assolaram a região do Pinhal.

Mais de um mês após o incêndio de Pedrógão Grande, que fez 64 mortos e “marcará para sempre o país”, a bióloga regista que o fogo continua “avassalador” em casos como o incêndio que na semana passada começou na Sertã e dr alastrou a Proença-a-Nova e Mação, “onde havia uma situação exemplar de prevenção”.

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“O problema só se pode resolver com uma alteração profunda da floresta”, que inverta o “quadro de abandono e desordenamento grave e profundo” do interior, afirmou a especialista, que espera que surja “um compromisso político sério” para essa mudança.

Helena Freitas indicou que sinais como o diploma do cadastro florestal, integrado no pacote da reforma das florestas, “vêm ajudar”, mas o reforço do combate e prevenção anunciado desde Pedrógão Grande “não foi eficaz”.

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“É dramático, não há dia em que não se veja nas notícias um incêndio de grandes dimensões”, lamentou, afirmando que há “uma sensação de total descrédito, desencanto e insegurança dos portugueses em relação ao seu território”.

Circunstâncias como a situação de seca e o clima são determinantes, mas o abandono que marca o interior do país, a “incapacidade de resolver o desordenamento do território” e a insistência em contar só com o combate aos fogos são sinais de que em Portugal se têm feito “as piores escolhas”, considerou.

O preço dessas decisões é haver fogos de grandes dimensões como os que têm assolado o centro do país, indicou, acrescentando que é ao Estado que se devem exigir medidas para solucionar essa “situação insuportável”.

“Continuamos a ver pessoas obrigadas a fugir de suas casas, casas queimadas”, disse, argumentando que não é a populações cada vez mais reduzidas e envelhecidas que se pode pedir a vigilância e a manutenção das florestas.

Helena Freitas defende que é preciso regressar “às pessoas que façam a vigilância na floresta”, os guardas e sapadores florestais.

“Outros países com clima mediterrânico”, como França, Itália e Espanha, conseguiram ser mais eficazes no combate aos incêndios e reordenar o seu território.

Reportando-se aos anos de 2003 e 2005, em que “ardeu 10% da floresta” em Portugal, a docente da Universidade de Coimbra considerou que “este ano ainda pode ser pior”.

Para alterar a composição da floresta, é preciso deixar de “dizer que a única fonte de rendimento para a pequena propriedade é o eucaliptal”, defende.

“Eu não acredito nisso”, declarou, sugerindo que é a indústria da madeira e do papel que tem que fazer render o eucalipto e que há espaço para investir em espécies de árvores autóctones.

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