Três mil agricultores afetados pelos incêndios não pediram nada ao Governo!

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 14-03-2018

 Mais de três mil agricultores afetados pelos incêndios de outubro de 2017 não realizaram candidatura aos apoios do Governo, disse hoje a Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO), que organizou um protesto na cidade.

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Cerca de uma centena de agricultores e produtores florestais de todo o distrito concentraram-se hoje junto à delegação da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Centro, em Coimbra, exigindo mais apoios e a reabertura das candidaturas.

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“Há mais de três mil pessoas que não fizeram candidaturas e o senhor ministro [da Agricultura, Capoulas Santos] está a mostrar-se irredutível em reabrir as candidaturas”, denunciou o dirigente da ADACO Isménio Oliveira, referindo que os dados reportam a um levantamento feito pela associação no distrito de Coimbra, que engloba também alguns agricultores de Seia, distrito da Guarda, e do distrito de Viseu.

De acordo com Isménio Oliveira, “provavelmente haverá mais” agricultores afetados pelos incêndios de outubro de 2017 que não fizeram a candidatura, face ao prazo “curto” em que o aviso esteve aberto.

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“Entendemos que o ministro tem de perder esta teimosia”, frisou o dirigente, sublinhando que houve agricultores que estiveram no hospital, face a queimaduras, e que só tiveram alta “em janeiro ou fevereiro”.

“Com que cara é que o ministro vai dizer a essas pessoas que não podem receber apoio?”, questionou

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Segundo Isménio Oliveira, há dinheiro para solucionar o problema, falta é “vontade do ministro”, que “está a fazer finca-pé”.

Para além dos apoios aos agricultores afetados pelos incêndios, o protesto também abordou a limpeza das floresta, com os produtores a criticarem a falta de tempo e de dinheiro, seja para pagar os trabalhos de limpeza, seja para pagar coimas.

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Isménio Oliveira afirmou que a ADACO vai agora expor a situação à comissão parlamentar da Agricultura e Mar.

No protesto em Coimbra, surgiram cartazes onde se podia ler “Agricultura nada”, “Somos vítimas não somos culpados” e “Cinco meses depois nada”, para além de algumas alfaias agrícolas calcinadas que foram deixadas junto à delegação da DRAP do Centro.

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Isabel Pimenta, de 50 anos, a viver em Tábua, diz que recebeu apenas cerca de mil euros, quando perdeu “oliveiras, lenha e um barracão das ovelhas”.

Na concentração, a história de agricultores que receberam muito abaixo daquilo que esperavam repetiu-se.

Manuel Ângelo Pereira, de Tábua, diz que teve um prejuízo de mais de 10 mil euros, mas recebeu 1.800.

“O apoio é praticamente nada. Vai ser muito difícil continuar. Acho que nem vale a pena continuar a lutar por uma coisa que não nos vai dar nada nos próximos anos”, afirmou.

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Valdemar Cortês, de Oliveira do Hospital, recebeu cerca de quatro mil euros, depois de ter visto arder olivais, pomares, laranjais, galinhas e frangos.

O dinheiro que recebeu só deu para “construir os barracões dos animais”, contou à agência Lusa o reformado de 75 anos.

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“Sentimo-nos abandonados pelo Governo. Do pouco que tínhamos, ficámos sem nada”, frisa Elisa Garcia, de 78 anos, que carregava na cabeça uns paus de madeira queimada.

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