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Guterres fala de “corrida contra o tempo” no Iémen devido à guerra e covid-19

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 02-06-2020

Os trabalhadores humanitários enfrentam uma “corrida contra o tempo” para evitar um agravamento da crise no Iémen, país pobre destruído pela guerra e onde o novo coronavírus se propaga rapidamente, alertou hoje o secretário-geral da ONU.

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Criança no Iemen. Foto: Unicef/Moohialdin Fuad

“Estamos numa corrida contra o tempo. Combater a covid-19 (doença provocada pelo novo coronavírus), além da emergência humanitária já existente, exige uma ação urgente”, declarou António Guterres numa conferência de doadores virtual para o Iémen, organizada pela Arábia Saudita e pelas Nações Unidas.

A guerra no Iémen opõe desde 2014 os rebeldes xiitas Huthis, ajudados pelo Irão, ao Governo reconhecido internacionalmente, apoiado desde 2015 por uma coligação internacional dirigida pela Arábia Saudita.

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Riade espera conseguir na conferência de doadores 2,3 mil milhões de dólares (dois mil milhões de euros) para o Iémen, “para dar resposta às necessidades de emergência” ao nível da “assistência médica, alimentação e alojamento”.

O secretário-geral-adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcok, falou de 2,4 mil milhões de dólares, dos quais 180 milhões para a luta contra a doença covid-19.

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“Instamos os doadores a comprometerem-se generosamente”, declarou Jens Laerke, porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU.

A situação humanitária no Iémen pode agravar-se: as organizações de ajuda que intervêm no país estão a caminho de um “abismo orçamental”, alertou.

Mais de 30 programas essenciais da ONU podem acabar nas próximas semanas devido à falta de financiamento.

“Os que prometeram doações devem cumprir o mais rápido possível porque a operação no Iémen está gravemente subfinanciada”, assinalou Laerke.

Numa declaração comum, os responsáveis do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa Alimentar Mundial (PAM) e Organização Mundial da Saúde (OMS) também fizeram soar o alarme.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, já prometeu uma ajuda de 160 milhões de libras (179,2 milhões de euros).

Esta ajuda “fará a diferença entre a vida e a morte para milhares de iemenitas que enfrentam agora também a ameaça do novo coronavírus”, disse num comunicado.

Para a organização Médicos Sem Fronteiras, o Iémen está à beira de uma “catástrofe”, as suas infraestruturas de saúde, danificadas por anos de guerra, são demasiado frágeis para enfrentar a epidemia.

A ONU admite que o vírus já esteja presente na maioria das regiões do Iémen, onde o governo e os rebeldes apenas anunciaram algumas centenas de casos e poucas dezenas de mortes em balanços separados.

“A covid-19 é apenas o último desafio de uma situação que se deteriora”, afirmou Abdallah al-Rabiah, chefe do centre de ajuda “Rei Salman”, encarregado da assistência humanitária saudita ao Iémen.

Riade considera ser um dos principais fornecedores de ajuda humanitária ao Iémen, assegurando ter gastado milhares de milhões de euros, embora a coligação que dirige seja acusada de múltiplos abusos contra os civis no país.

Para os rebeldes, a videoconferência de hoje é uma “tentativa estúpida (dos sauditas para esconderem) os seus crimes”, afirmou um dos seus porta-vozes, citado pela sua emissora televisiva Al-Masirah.

A guerra causou dezenas de milhares de mortos, na maioria civis, e a ONU afirma que mais de dois terços da população depende de ajuda humanitária.

Se a conferência não permitir a obtenção de doações suficientes, perto de 5,5 milhões de iemenitas poderão deixar de ter acesso à ajuda alimentar e à água potável, num país frequentemente ameaçado pela cólera, segundo a organização Save the Children.

E infraestruturas essenciais, como clínicas móveis, também poderão ter de fechar.

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