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Guiné-Bissau está em “estado de coma” e precisa ser reabilitada

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 07-07-2020

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, considerou hoje que o país está em estado de coma e que precisa ser reabilitado, sublinhando que vai tomar medidas para alterar esse quadro nos próximos tempos.

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Sissoco Embaló deu estas indicações, em conferência de imprensa, quando procedia hoje a um balanço dos seus primeiros 100 dias na Presidência guineense.

O chefe de Estado afirmou que se não fosse a situação criada pela pandemia do novo coronavírus, que obrigou ao encerramento de fronteiras entre os países, a Guiné-Bissau já estaria com várias obras sociais em andamento, disse, apontando a criação de infraestruturas como o legado que pretende deixar quando sair do cargo.

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“Esperem para ver no dia em que for anunciado o fim da covid-19 para verem a poeira a levantar-se e a quantidade de chefes de Estado que virão visitar a Guiné-Bissau”, declarou Sissoco Embaló.

A referência à poeira a levantar-se é uma alegoria guineense quando se fala de obras de construção civil.

Ainda sobre as iniciativas em curso no âmbito da “recuperação da imagem e credibilidade” da Guiné-Bissau, Sissoco Embaló anunciou que, a partir de 2021, o país passará a organizar cimeiras de chefes de Estado e de Governo no quadro das organizações sub-regionais africanas.

O Presidente guineense afirmou igualmente que enquanto for líder do país nenhum cidadão será alvo de sanção internacional e se isso acontecer será sempre sob a sua indicação “para castigar os perturbadores da paz”, disse.

Sissoco Embaló voltou a frisar que, com a sua presidência, acabou a ideia de que a Guiné-Bissau é um Estado pequeno.

Também sublinhou que acabaram os golpes militares e que quem o tentar será apanhado por forças internacionais.

Sobre as sanções impostas a um grupo de oficiais militares pelas Nações Unidas, autores do golpe de Estado de abril de 2012, Sissoco Embaló anunciou que se não fosse pela situação criada pela covid-19 o castigo já teria sido levantado.

O Presidente guineense prolongou, pela sexta-feira, até 25 de julho o estado de emergência no país devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, que na Guiné-Bissau já infetou mais de 1.700 pessoas e provocou 25 vítimas mortais.

O Conselho de Segurança da ONU expressou a semana passada preocupação com os recentes incidentes na Guiné-Bissau e admitiu a possibilidade de adotar “medidas apropriadas” em resposta à evolução da situação no país.

A Guiné-Bissau está a viver um período de especial tensão política desde o início do ano, depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais.

O candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.

Umaro Sissoco Embaló autoproclamou-se Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, que tem mediado a crise política da ONU, e restantes parceiros internacionais.

Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabiam, líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado.

O PAIGC venceu as legislativas de março de 2019 sem maioria e fez um acordo de incidência parlamentar com a APU-PDGB, Partido da Nova Democracia e União para a Mudança, obtendo 54 dos 102 assentos no parlamento.

Logo no início da legislatura, o líder da APU-PDGB, Nuno Nabian, incompatibilizou-se com o PAIGC e aliou-se ao Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), segunda força política do país, com 27 deputados, e Partido da Renovação Social, que elegeu 21 deputados.

Apesar da nova aliança, quatro dos cinco deputados da APU-PDGB mantiveram a sua lealdade ao acordo de incidência parlamentar assinado com o PAIGC.

Na semana passada, Nuno Nabian conseguiu aprovar o seu programa de Governo no parlamento guineense com os votos a favor de cinco deputados do PAIGC, que contrariaram a decisão do partido e participaram na sessão plenária.

Os restantes deputados do PAIGC regressaram depois ao parlamento para anunciar que o partido vai entrar com uma impugnação judicial à aprovação do programa de Governo do primeiro-ministro, Nuno Nabian, alegando “violações grotescas” ao regimento da Assembleia Nacional Popular.

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