Coimbra

Figueirenses (des)unidos na hora de aprovar votos de pesar pela morte do pianista Sequeira Costa

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 27-02-2019

A Assembleia Municipal da Figueira da Foz aprovou hoje dois votos de pesar pela morte do pianista Sequeira Costa, ocorrida na semana passada, um por unanimidade e outro com votos contra por divergências na redação do texto.

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José Sequeira Costa, que foi diretor do Festival de Música da Figueira da Foz na década de 1990, morreu quinta-feira nos Estados Unidos, onde residia, aos 89 anos.

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A Assembleia Municipal começou por admitir à discussão e votação, por unanimidade, os dois votos de pesar – um apresentado pela bancada do PS e outro pela da CDU – mas a posterior discussão centrou-se, essencialmente, numa passagem do texto apresentado pelas deputadas municipais comunistas que aludia à cessação de funções de Sequeira Costa como diretor do festival de música, “por opção do executivo camarário liderado por Santana Lopes”.

Teotónio Cavaco, líder da bancada do PSD, criticou as alusões partidárias “descabidas” da proposta da CDU, questionando a redação do texto.

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“Não é a questão da pessoa, é a questão da redação da moção. Os votos de pesar devem ser redigidos de forma a salvaguardar as razões positivas”, enfatizou Teotónio Cavaco.

A proposta da CDU, que propunha um minuto de silêncio “em homenagem e manifestação de pesar” pela morte de Sequeira Costa, acabou por ser votada e aprovada – com 10 votos contra do PSD e um do PS – este assumido pelo deputado José Fernando Correia, em declaração de voto: “Os votos de pesar servem para enfatizar, valorizar, as virtudes dos falecidos. Não devem servir para nenhuma espécie de ajustes de contas e coisas outras. Não posso deixar de votar contra a redação [do texto da CDU]”, afirmou.

Aprovado por unanimidade foi o voto de pesar apresentado por Nuno Melo Biscaia (PS), que refere que Sequeira e Costa “foi um dos mais importantes pianistas de sempre” e “quer como músico, quer como pedagogo, quer como organizador de festivais de música clássica, em que foi diretor artístico, deixou um inegável legado cultural”.

“Muito honrou a Figueira da Foz ter o maestro Sequeira Costa como diretor do seu Festival de Música durante a década de 90, tendo-lhe emprestado o seu prestígio e mestria na organização de programas de nível internacional”, assinala a proposta socialista.

Na sequência da aprovação dos dois votos de pesar, o presidente da Assembleia Municipal, José Duarte (PS), esqueceu-se de cumprir o minuto de silêncio pela morte de Sequeira Costa, que acabaria observado cerca de 15 minutos mais tarde “com um pedido de desculpa reiterado” pelo autarca, depois de alertado pelo deputado Tiago Cadima, do PSD.

Distinguido em 2004 com a Grã-Cruz da Ordem Infante D. Henrique pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, Sequeira Costa foi um dos nomes mais significativos do piano português no século XX, tendo fundado o Concurso Internacional Vianna da Motta, de quem foi aluno.

Em 1951, Sequeira Costa venceu o Grande Prémio de Paris no Concurso Internacional Marguerite Long, tendo desde então sido um dos nomes de maior projeção nos palcos internacionais.

A convite de Dimitri Chostakovitch fez parte do primeiro júri do Concurso Internacional Tchaikovsky, em Moscovo, no ano de 1958.

Desde 1976 era professor de piano na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos.

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