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EUA defendem que Putin “desistiu” de Kiev

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 07-04-2022

O Departamento de Defesa norte-americano defendeu hoje que o Presidente russo, Vladimir Putin, “desistiu” de tomar Kiev para se concentrar nas zonas separatistas do Donbass e que o desfecho da guerra na Ucrânia “está em aberto”.

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“Putin pensava que poderia rapidamente tomar o controlo da Ucrânia, rapidamente tomar o controlo da capital. Estava errado”, declarou o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, numa audição no Congresso.

“Penso que Putin desistiu dos seus esforços para capturar a capital e está agora concentrado no sul e no leste do país”, acrescentou, perante a comissão das Forças Armadas do Senado (câmara alta do Congresso).

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Mas o desfecho da guerra, que promete ser longa, permanece incerto, indicou, por sua vez, o chefe do Estado-Maior norte-americano, o general Mark Milley.

“Será uma missão de longo prazo”, considerou, precisando que “há ainda uma batalha importante a travar no sudeste, onde os russos pretendem concentrar forças e prosseguir a sua ofensiva. Portanto, resta saber como é que tudo isto terminará”.

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A Ucrânia recebeu cerca de 60.000 sistemas antitanque dos Estados Unidos e seus aliados, e o exército ucraniano está a utilizar minas antipessoais, que obrigam os soldados russos a combater em zonas onde estão mais vulneráveis, indicou o general Milley, na mesma audição.

O Ocidente também forneceu aos ucranianos cerca de 25.000 sistemas antiaéreos de diversos tipos, que impediram a Rússia de tomar o controlo do espaço aéreo ucraniano, disse o oficial norte-americano de mais alta patente, acrescentando que o exército ucraniano está agora a pedir tanques e artilharia para poder repelir a próxima ofensiva russa.

“O terreno [no sudeste do país] é diferente do do norte. É bastante mais aberto e propício a operações de blindados dos dois lados”, explicou, referindo que os ucranianos “precisam de mais tanques e artilharia, e é isso que estão a pedir”.

O secretário da Defesa norte-americano pareceu reconhecer que os Estados Unidos consideravam, pelo menos no início do conflito, que a Ucrânia seria incapaz de retomar o controlo das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no Donbass, que é agora o alvo definido por Moscovo.

Insistentemente questionado pelo senador republicano Tom Cotton sobre as informações que os serviços secretos militares norte-americanos estão a partilhar com os ucranianos, Austin admitiu que elas não abrangeram, até agora, as regiões separatistas.

“Nós fornecemos-lhes informações para realizarem operações”, incluindo no Donbass, começou por dizer.

Mas quando Cotton lhe perguntou explicitamente se essas informações diziam respeito às zonas controladas desde 2014 pelos separatistas pró-russos, o responsável máximo do Pentágono reconheceu que as instruções até agora fornecidas aos analistas militares não eram “claras”.

“Queremos garantir que elas são claras para as nossas forças. É esse o objetivo das novas instruções, a partir de hoje”, acrescentou.

Os serviços secretos norte-americanos alertaram para a eclosão da guerra na Ucrânia com uma exatidão notável, mas não previram a feroz resistência dos ucranianos.

Temiam que Kiev caísse nas mãos das forças russas em 48 horas e que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fosse imediatamente deposto para ser substituído por um regime pró-russo.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,3 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa – justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e “desmilitarizar” a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 43.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que “os números reais são consideravelmente mais elevados”, a ONU confirmou hoje pelo menos 1.611 mortos, incluindo 131 crianças, e 2.227 feridos entre a população civil.

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