Saúde

Estudo revela que presença das mulheres nas notícias não se traduz em mais voz

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 14-07-2021

A presença de mulheres nas notícias sobre a covid-19 é superior à que têm noutros temas, mas tal não se traduz em mais voz, sendo a qualidade do conteúdo “pior”, avalia um estudo divulgado hoje.

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Necessariamente marcado pela pandemia – que, aliás, atrasou a sua divulgação –, o último relatório do Global Media Monitoring Project, iniciativa da organização não-governamental World Association for Christian Communication, refere que a “escalada meteórica” do valor-notícia da saúde “foi acompanhada por uma queda na voz e visibilidade das mulheres nas histórias”.

Enquanto o número de notícias sobre o tema da saúde subiu de 10% em 2015 para 17% em 2020, a presença das mulheres nessas mesmas notícias desceu cinco pontos percentuais, quando vinha aumentando desde 2000.

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Por exemplo, 27 por cento dos especialistas ouvidos nas notícias sobre a covid-19 eram mulheres – quando, na prática, elas representam 46 por cento da força de trabalho do setor da saúde.

Em 2020, 25 por cento das histórias tiveram a covid-19 como tema principal ou indireto. Porém, o conteúdo dessas notícias mais raramente do que noutros temas incluiu uma perspetiva de género – apesar de existirem dados que sustentam o maior impacto da pandemia sobre as mulheres.

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Menos do que noutros temas se mencionou a relação entre a covid-19 e as mulheres e é “mais improvável” que as notícias sobre a pandemia levantem questões relacionadas com desigualdades ou estereótipos de género, detalha o estudo.

Sublinhando que “a igualdade em termos numéricos é insuficiente sem uma evolução na qualidade do jornalismo, de uma perspetiva de género”, o estudo realça que “as histórias de violência baseada no género dificilmente são a principal notícia do dia e, quando o são, mulheres e raparigas estão gravemente subrepresentadas como sujeitos e fontes”.

Ora, numa altura em que, com a covid-19, o assédio sexual, a violação e o abuso sexual “atingiram proporções epidémicas”, essa subrepresentação assinala “um grave défice na responsabilidade dos media”, consideram os autores.

O último relatório do GMMP estreou a análise à representação da idade, aproveitando o facto de que a covid-19 ter um risco acrescido sobre a população mais velha.

Ainda assim, as pessoas com 80 anos ou mais “raramente tiveram a atenção das notícias”, conclui, assinalando que a idade penaliza mais as mulheres.

O estudo “Who makes the news? [Quem faz as notícias?]”, que se realiza a cada cinco anos, é a maior análise sobre o retrato e a representação das mulheres nos media.

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