Estudo da UC revela que informação avulsa sobre incubadoras dificulta políticas do setor

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 23-01-2018

A informação sobre incubadoras é avulsa e está dispersa por diferentes entidades, conclui um estudo da Universidade de Coimbra, que defende que o setor precisa de se conhecer melhor a si próprio.

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O estudo, desenvolvido na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, conclui que apenas existe “informação avulsa” sobre incubadoras em Portugal, não se identificando uma base de dados que agregue todo o setor, disse à agência Lusa o investigador responsável pelo projeto, Gonçalo Brás.

A ausência de informação estruturada e detalhada, sublinha Gonçalo Brás, poderá também ter impacto nas taxas de sobrevivência das ‘startups’.

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“São diversas as estatísticas de entidades públicas e privadas que revelam taxas de sobrevivência de ‘startups’ relativamente preocupantes. A prevalência e sistematização de informação mais detalhada sobre o ‘cluster’ de incubação de empresas poderia proporcionar aos decisores políticos instrumentos mais adequados no sentido de aumentar as taxas de sobrevivência das ‘startups’ nacionais”, sublinhou.

De acordo com os dados apurados no estudo, relativos a 2014, cerca de dois terços das empresas incubadas chegam ao terceiro ano de atividade (numa amostra de 354 empresas).

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Apesar disso, essa taxa diminui substancialmente para 30% “ao fim de sete anos de atividade”, concluiu.

Para além de não haver nenhuma base de dados no país que permita identificar a totalidade de incubadoras e de empresas incubadas, constatou-se que o CAE (Classificação de Atividade Económica) utilizado pelas incubadoras é bastante diversificado, o que torna ainda mais difícil “obter informação estratificada”.

“A informação está dispersa por livros, diversas associações de incubadoras de empresas existentes nalgumas regiões do país e, mais recentemente, dados na rede nacional de incubadoras. No entanto, se apenas considerássemos essas fontes, algumas incubadoras de empresas não seriam identificadas”, alerta Gonçalo Brás, que identificou mais de 170 incubadoras de empresas em Portugal, mas que admite que o número real pode não andar longe das 200.

Face à “relevância que as incubadoras de empresas podem ter ao nível da sustentabilidade de ‘startups’ ou de projetos incubados, o ‘cluster’ de incubação precisa de se conhecer melhor a si próprio”, defendeu o investigador.

Para Gonçalo Brás, a ausência de informação sobre o setor em nada beneficia os principais agentes envolvidos, podendo ser afetada a cooperação entre incubadoras ou empresas ou a articulação de políticas orientadas para esta área.

A ausência de uma base de dados estruturada pode também contribuir para “a ausência de monitorização do desempenho de incubadoras de empresas”, notou.

O projeto identifica ainda uma prevalência das incubadoras sem especialização numa determinada área (66% do total de incubadoras no país), sendo que Gonçalo Brás sublinha que já existe “alguma evidência empírica” de que um processo de seleção mais exigente ou a própria especialização das incubadoras “contribuem para uma taxa de sobrevivência maior das empresas”.

O projeto conclui também que se verifica uma grande disparidade do número de incubadoras de empresas por distrito.

No entanto, Gonçalo Brás realça que um distrito com um número residual de incubadoras “não traduz necessariamente um défice de capacidade de incubação, pois existem incubadoras de empresas com dimensão e extensão de serviços prestados completamente díspares umas das outras”.

O projeto foi supervisionado pelo ex-docente da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Miguel Torres Preto e vai ser publicado no livro “Entrepreneurship and Structural Change in Dynamic Territories – Contributions from Developed and Developing Countries”, editado pela Springer.

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