Educação

Estudo da ESTeSC-IPC aponta pistas sobre a evolução  da doença de Alzheimer 

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 21-06-2022

Investigação realizada pelo docente António Gabriel, da Escola Superior de  Tecnologia da Saúde do Politécnico de Coimbra, conclui que a combinação de dois  genótipos (ApoE ε4 e a variante K da Butiricolinesterase) poderá ser importante na  avaliação de risco de progressão da Doença de Alzheimer. 

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A investigação foi realizada em simultâneo com a comunidade docente da ESTeSC-IPC  e o objetivo reside na clarificação do envolvimento das colinesterases na Doença de  Alzheimer (DA). Participaram cerca de 600 indivíduos no estudo: 217 com DA, 70  com Demência Fronto Temporal, 200 controlos e 96 com Defeito Cognitivo Ligeiro  (DCL). 

A conjugação de dois genes, a variante K da Butiricolinesterase e o alelo ApoE- ε4,  faz com que a doença evolua mais rapidamente. Quando detetados nas análises de  genotipagem, numa intervenção imediata no paciente, é possível com estratégias  terapêuticas adequadas, retardar a evolução da doença de Alzheimer. 

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Com base na tese de doutoramento em Biocências sobre a “avaliação do sistema  colinérgico na doença de Alzheimer” – lançada em livro pela ESTeSC-IPC no passado  dia 7 de junho – o professor António Gabriel clarifica a presença da variante K da  Butiricolinesterase, uma enzima com importância no sistema colinérgico. O efeito de  sinergia entre esta variante e o gene alelo ApoE- ε4 contribui para “um aumento da  incidência e redução do tempo de progressão de Defeito Cognitivo Ligeiro para Doença   de Alzheimer”. São genes que nascem com o ser humano e o tempo de conversão da  doença é mais rápido para quem possui estes dois polimorfismos. 

A DA é dominada pela “alteração da memória recente ou episódica, sendo a progressão  da doença gradual e, às vezes subtil”, refere o professor. A presença do gene da  apolipoproteína E (ApoE) aumenta o risco para a doença, mas não é condição necessária  para a causar. Desta forma, os dados apontam para que o interesse da variante K seja  central na ação da acetilcolina, sendo hidrolisada pelas colinesterases e conferindo um  risco maior para a doença. 

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A sugestão do estudo centra-se na realização de testes de genotipagem para a variante K,  procurando retardar a evolução de doentes com DCL, implementando estratégias de  intervenção estabilizadoras da doença. 

O desenvolvimento da DA tem sido alvo de vários estudos, especialmente no que diz  respeito às hipóteses avançadas da cascata amiloide, que significa uma acumulação  progressiva de proteína no cérebro, que terminam na morte neuronal celular, que  atualmente são as mais defendidas. A hipótese relativa ao sistema colinérgico foi a  primeira a ser formulada para explicar a etiologia da doença e é nesta que a tese de  doutoramento do docente se debruça. O sistema colinérgico está associado ao  desenvolvimento cognitivo e constata-se a perda de neurónios em regiões cerebrais nos  doentes de Alzheimer. Esta hipótese defendia que a depleção de acetilcolina cerebral era  a causa primária do declínio cognitivo associado ao envelhecimento e à DA. Em termos  terapêuticos, “o uso de inibidores das colinesterases, no tratamento sintomático destes  doentes, tem sido o recurso mais disponível”, explica o docente. 

António Gabriel conclui que “a determinação dos dois genótipos poderá ser importante  na avaliação de risco de progressão para DA em doentes com DCL, assim como na  investigação futura de possíveis terapias modificadoras da doença.” A comunidade  científica tem desenvolvido vários estudos para a clarificação de uma “demência com  tanto impacto socioeconómico”, esclarece ainda. Para o docente, é gratificante dar algum  contributo para a Doença de Alzheimer.

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