Saúde

Especialistas pedem cautelas até se alcançar imunidade de grupo

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 27-04-2021

A evolução da pandemia permite o fim do estado de emergência em Portugal, adiantaram hoje especialistas, que alertam para a “prudência” no desconfinamento e para a manutenção das “cautelas” até ser alcançada a imunização de grupo.

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Perante a possibilidade de o Presidente da República não propor hoje a renovação do estado de emergência, o virologista Pedro Simas adiantou à Lusa que esta decisão “faz todo o sentido” e que, perante a situação epidemiológica do país, o alívio das restrições deve continuar.

“Concordo a 100% com o fim do estado de emergência e com a continuação do desconfinamento. Acho que, neste momento, estamos a caminho do fim [da pandemia]. Temos bons níveis de imunidade que são o somatório da infeção natural [de pessoas que já estiveram infetadas] mais a campanha de vacinação [contra a covid-19] que, neste momento, está a decorrer muito bem”, salientou o virologista.

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O investigador do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa salientou ainda a importância de ter a maior parte dos grupos de risco já protegidos com a vacina contra a covid-19, o que “dá a possibilidade de desconfinar” com maior segurança.

“Temos de ter alguns cuidados, mas agora é altura de continuar a desconfinar. Faz todo o sentido declarar o fim do estado de emergência, mas sem euforias, com alguma cautela até termos os objetivos da vacinação cumpridos”, avançou.

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Até final de maio, Portugal já deve ter alcançado cerca de 50% da imunidade contra o vírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, referiu Pedro Simas, que não antevê que as novas variantes possam resultar num recrudescimento da pandemia em Portugal.

“Não se prevê, com base no conhecimento dos coronavírus endémicos e com aquilo que tem sido o desenvolvimento desta pandemia, que agora uma destas variantes, numa população que já tem uma grande imunidade, assuma uma prevalência muito grande”, disse o especialista.

Com a campanha de vacinação prevista, Pedro Simas admitiu ainda que no verão o país esteja “praticamente de regresso à normalidade”.

“Arrisco-me a dizer que, no final do verão, já não usaremos máscaras pelo menos em espaços abertos”, disse o virologista, ao avançar que não se revê num cenário em que seja necessário “reforçar a imunidade levando vacinas todos os anos de uma forma massiva”.

Jaime Nina, infecciologista do Hospital Egas Moniz, em Lisboa, salientou que o “estado de emergência tem muitos inconvenientes”, devido ao “preço muito alto” que o país teve de pagar, não apenas ao nível económico, mas também no atraso da prestação de cuidados de saúde não-covid.

“O que eu desejo é que o confinamento seja o mais curto possível, mas no outro prato da balança está o risco de haver o reacender da epidemia”, alertou Jaime Nina, para quem a taxa de imunização dos portugueses, através da vacina e da recuperação da doença, ainda é baixa.

“Com um máximo de 30% de imunizados, de maneira nenhuma se impede o vírus de circular. Precisamos de um nível de imunidade na população na casa dos 65 a 70%, que é mais do dobro que neste momento temos”, sublinhou o especialista.

Perante estes “pontos de interrogação”, Jaime Nina aconselha “prudência” na forma como se processa o alívio das restrições, que devem ser levantadas “com cuidado e passo a passo”.

“O estado de emergência é uma declaração mais política. Não vejo inconveniente que o estado de emergência possa ser finalizado e substituído por um estado de vigilância ativa”, disse à Lusa o infecciologista, para quem se pode “baixar o nível de exigência, mas não desarmar completamente”.

O Presidente da República vai falar ao país hoje, pelas 20:00, depois de ouvir os partidos sobre o possível fim do estado de emergência, que já disse esperar que terminasse no fim deste mês.

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