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Espanha: Impasse político sem saída à vista 

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 11-11-2019

 

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 A manutenção do impasse político em Espanha e a forte subida da extrema-direita são as marcas mais impressivas das eleições legislativas de domingo, as segundas em sete meses.

Os socialistas do PSOE ganharam as legislativas, elegendo 120 deputados, menos três do que nas eleições anteriores, enquanto o segundo partido mais votado foi o PP (direita), que fica com 88 deputados (tinha 66), seguindo-se o Vox (extrema-direita), que passa a ser a terceira força política em Espanha depois de mais do que duplicar a sua representação parlamentar, passando de 24 para 52 deputados.

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Com estes resultados, o bloco dos partidos de esquerda (PSOE, Unidas Podemos e Mais País) totaliza 158 deputados num total de 350, enquanto o bloco de direita (PP, Vox e Cidadãos) alcança 152 lugares.

Assim, é de prever a continuação do impasse na formação do executivo.

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O secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, que é também o primeiro-ministro em funções, apelou a “todos os partidos” para atuarem “com responsabilidade e generosidade” para desbloquearem o impasse político em Espanha, prometendo trabalhar na formação de um “Governo progressista”.

Para o presidente do Vox, Santiago Abascal, o seu partido conseguiu a “façanha política mais fulgurante e rápida da democracia espanhola”, mas expressou preocupação pela vitória dos socialistas do PSOE e pela governabilidade de Espanha.

O líder do PP, Pablo Casado, considerou que, após os resultados eleitorais, “a bola está do lado” do presidente interino do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, e que o seu partido “aguardará o que (este) poderá apresentar”.

Após conhecidos os resultados, Pablo Casado deixou claro que os interesses do PP são “incompatíveis” com a abordagem de Sánchez, embora tenha esclarecido que o partido “exercerá a sua responsabilidade e a sua alternativa”.

Deste modo, Pablo Casado deixou a sua posição em aberto, depois de verificar que o PP obteve um “bom resultado”, com 21 assentos a mais do que nas últimas eleições em 28 de abril, salientando no entanto, que Espanha teve um mau resultado para a sua “governação e para o seu futuro” acrescentando que Sánchez foi “o grande derrotado” do dia, depois de perder três lugares.

Outra formação que desceu na votação e perdeu parte da representação parlamentar que tinha foi a coligação de extrema-esquerda Unidas Podemos.

O líder desta coligação, Pablo Iglésias, pediu a Pedro Sánchez que forme um Governo de coligação que faça frente à extrema-direita.

Pablo Iglesias disse, em conferência de imprensa, que se trata de uma “necessidade histórica” perante o reforço nestas eleições, da extrema-direita espanhola, “uma das mais fortes e poderosas da Europa”.

O desastre eleitoral do escrutínio de domingo foi protagonizado pelo partido Cidadãos (direita liberal), tendo o seu líder, Albert Rivera, convocado para hoje uma reunião extraordinária da direção do partido e proposto a convocação de um congresso extraordinário, após assumir a responsabilidade pelos maus resultados nas legislativas.

O Cidadãos perdeu cerca de 2,6 milhões de votos, passando de 57 lugares para apenas 10.

Os acontecimentos na Catalunha – marcados por violentos protestos de rua protagonizados pelos defensores da independência desta região autónoma espanhola, após a divulgação em outubro das penas de prisão aplicadas a dirigentes independentistas -, tiveram influência nos resultados das legislativas de domingo.

O líder do Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Gabriel Rúfian, admite contactos com Pedro Sánchez se o primeiro-ministro tomar a iniciativa.

“Já veremos, ele que nos telefone”, disse Gabriel Rúfian quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de contactos entre o ERC e Pedro Sánchez (PSOE) sobre a amnistia para os condenados do Processo independentista ou mesmo sobre a realização de um referendo na Catalunha.

Os resultados provisórios apontam a descida do ERC, que tinha 15 deputados, para 13 lugares na Assembleia Nacional.

Rúfian disse que “é normal” porque o partido Candidatura de Unidade Popular (CUP), que concorreu pela primeira vez numas legislativas, “é uma marca consolidada” na região autónoma.

O CUP elegeu dois deputados.

As eleições de domingo foram convocadas em setembro pelo Rei de Espanha, depois de constatar que o primeiro-ministro socialista em funções, Pedro Sánchez, não conseguiu reunir os apoios suficientes para voltar a ser investido no lugar na sequência das eleições de abril.

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