Opinião
Educadores da classe operária
Premonitório, Jim Morrison, profícuo e cínico poeta, declarava preferir “uma festa com amigos a uma imensa família”.
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Estranhamente, neste Portugal, temos os dois e ninguém se rebela. Nem barbela, nem barrela.
Ora Cavaco, prevenido e presciente, bem sabia que atrás dele “viria quem de mim bom fará”.
E assim estamos, em festa e com a família, que é preciso alimentar, nem que seja na Mercadona e a sua loja debaixo de um prédio, onde já podemos comprar os ananases da paixão.
Assim sempre poupamos o guito das “portagens que vão prejudicar os mais pobres”. Cavaco dixit.
Um disparate, não dar uso a uma infraestrutura ociosa sai sempre mais caro, mas os mais pobres serão prejudicados. É que o economista ignora a diferença de rendimento entre litoral e interior e se mal vive com a pensão de dez mil oiros, que diremos nós, esmifrados pela impostura da fazenda pública?
Não se agite, mantenha-se calmo que temos saudades suas e da sua peculiar justiça social e económica.
E da sua decência, já que o seu sucessor, goste-se ou não do Chega, recusa ouvir um partido que tem um quinto dos deputados do Parlamento.
Assustador e enquanto se entretêm nestes jogos de bastidores, o povo, nós, estamos a empobrecer a olhos vistos. Mais pobre, mas com acesso à internet. E a jogar na raspadinha.
A meio caminho de ter eleições legislativas outra vez, autárquicas e presidenciais. Para nos livrarmos do pior presidente desta Républica gasta de 114 anos.
E ouvindo os políticos, cresce a tremeliqueira.
Homens errados e de pouca coragem.
De caminho o ano escolar está prestes a começar e faltam professores. Mais 30% que no ano passado. E não reclamem que vos fecham a escola.
Como em Darque, bonita terra de Viana do Castelo onde o governo caucionou o fecho da unidade de saúde porque os médicos rejeitaram a dedicação plena.
E nisto, o cão, esse felpudo, paga com o pelo dos desmandos pátrios.
E assim temos 50 deputados de extrema-direita no Parlamento, que o senhor Professor não recebe, uma comissária europeia nomeada e que cobrou as dívidas e esse fabuloso negócio da privatização da TAP que, dez anos depois, tem finalmente escrutínio judicial. Aflitos? Não é a festa dos amigos, politicamente inimputáveis.
De caminho o preço do anás sobe, os custos da dívida crescem 33% e a despesa aumenta para uns estonteantes 183 mil milhões. Atento, o cobrador do fraque, prevê arrecadar 293,8 mil milhões de euros em impostos, um aumento de 51 mil milhões.
E das prioridades, meio país fica de fora.
E tudo isto com a notícia de que o Governo vai acabar com o visto do Tribunal de Contas para que as obras inscritas no âmbito do PRR possam avançar.
Melhor festa que esta? Só na Rua Direita. Sem garinas.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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