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Editores dizem que crise da poesia está na “fraca presença” em livrarias e escolas

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 12-11-2013

 Editores de Portugal e de Espanha consideraram hoje, em Coimbra, que a pouca visibilidade da poesia nas escolas e nas livrarias é a principal dificuldade que o universo editorial atravessa na península ibérica.

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“Só 30% das livrarias querem receber livros de poesia. Os editores quase que parecem traficantes que fazem isto na clandestinidade”, constatou Fran Alonso, da editora galega Editorial Xerais, durante o encontro “Poesia e Edição”, que decorreu ao fim da tarde no Teatro Académico Gil Vicente, no âmbito do programa Mostra Espanha, e que reuniu poetas e editores de Portugal e de Espanha.

Manuel Borrás, da editora espanhola Pre-textos, considerou que é “raro encontrar um lugar onde o livro de poesia possa habitar numa livraria”, salientando que “nada é pior do que ser-se desconhecido”.

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A responsabilidade de dar visibilidade ao livro terá que “ser um trabalho a três – o leitor, o editor e os livreiros”, de forma a que a poesia “perdure nas livrarias”.

Os leitores “deveriam exigir lugares para a poesia”, frisou.

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Jorge Reis-Sá, antigo editor da Quasi Edições, também observa essa realidade em Portugal, referindo que, “do ponto de vista capitalista, é difícil colocar numa livraria um poeta em vez do Nicholas Sparks”.

A produção livreira “massificou-se”, mas “há menos variedade”, criticou o editor e poeta português.

Durante a conversa entre os editores foi salientada também a “fraca presença” da poesia numa “classe de professores que não estão apaixonados pela literatura, que nem sabem quem é o poeta Ruy Belo”, disse Jorge Reis-Sá, considerando que o aluno que se interesse por poesia “terá que trilhar o caminho sozinho”.

Para isso, segundo Fran Alonso, seria fundamental uma maior aposta “na poesia infantil”, observando que, em cinco livrarias que visitou em Coimbra, apenas encontrou “dois títulos de poesia infantil”.

Sobre o intercâmbio de poesia entre os dois países, Jorge Reis-Sá disse que “é mais fácil publicar um poeta português desconhecido do que editar Antonio Gamoneda [prémio Cervantes em 2006]”.

Manuel Borrás apresentou a mesma visão em relação aos “poetas portugueses”, contando que “custou muito vender 500 exemplares de uma obra de Eugénio de Andrade em Espanha”.

O editor espanhol pretende continuar a “apostar em poetas portugueses”, considerando que estes “não têm o eco que deveriam ter em Espanha, pela importância que têm para a poesia universal”.

 

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