Saúde

Doenças infecciosas tropicais mais frequentes na Europa

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 14-04-2019

As doenças infecciosas tropicais, transmitidas por mosquitos e carraças, são cada vez mais comuns em regiões de clima temperado como a Europa, devido às alterações climáticas e à globalização, alertaram este domingo várias cientistas europeus.

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A conferência europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, que desde sábado reúne 13.500 médicos e investigadores de 127 países, ficou marcada pelo alerta para a propagação na Europa de infeções como a febre do dengue, chikungunya (ou chicungunha, doença semelhante ao dengue, também transmitida por mosquitos], doença da mosca da areia (leishmaniose) e o vírus da encefalite transmitido por carraças (TBE).

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Estas doenças ocorriam até agora nos países europeus apenas como “infeções importadas”: os viajantes eram contaminados nos países tropicais e traziam-nas no regresso a casa.

Porém, esta realidade está a mudar, especialmente na região mediterrânica, como Portugal, Espanha e Itália, que estão a converter-se em regiões tropicais durante uma parte do ano, passando a ter um habitat favorável a estas moscas, mosquitos e carraças.

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Giovanni Rezza, diretor para as doenças infecciosas no Istituto Superiore di Sanitá, em Itália, explicou que os insetos que podem transmitir estas e outras doenças estão a “prosperar” em zonas onde antes não existiam e isto deve-se ao facto de estas regiões terem períodos maiores de clima quente, invernos menos frios e estações grandes de seca.

Algumas partes do sul da Alemanha e da Suíça também não escapam à ameaça: “Uma combinação de fatores faz com que o clima seja mais adequado ao mosquito tigre. Em Itália e em Espanha é já abundante e esses são países onde vamos muito em férias”, disse, citado pela agência Efe, o biólogo holandês Arnold van Vliet, da Universidade de Wageningen.

Na última década, registaram-se vários surtos de dengue e especialmente de chikungunya nos países do Mediterrâneo, sublinharam os cientistas, recordando em particular os anos de 2007 e 2017 em Itália, em que centenas de pessoas foram infetadas, num fenómeno associado sobretudo a “verões prolongados, quentes e húmidos”, segundo Giovanni Rezza.

Também foram registados pequenos surtos destas doenças na costa do sul de França, na Croácia, na ilha a Madeira e na Grécia, onde houve um surto de malária em 2011 e 2012, acrescentaram.

“As alterações climáticas desempenham um papel importante na propagação de doenças infecciosas tropicais em áreas com um clima temperado, mas as viagens e o aumento da globalização (incluindo o comércio) são ainda mais importantes”, afirmou Jan Semenza, da organização europeia de instituições de saúde.

Os cientistas exigiram às agências governamentais o mapeamento dos habitats dos mosquitos e campanhas de informação sobre os perigos das suas picaduras, assim como o levantamento de dados socioeconómicos pertinentes, levantamento de dados relativos ao clima, e ainda a implementação de medidas de prevenção destinadas a evitar ou mitigar o aparecimento de novos surtos.

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