Diminuição de número de incêndios deve ser “primeira batalha”, defende especialista

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 23-01-2018

O presidente da RISCOS – Associação Portuguesa de Riscos, Prevenção e Segurança, Luciano Lourenço, defendeu hoje que a “primeira batalha” que Portugal deve ter no que respeita aos incêndios florestais é diminuir o número de ocorrências.

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“Se forem menos incêndios, há mais bombeiros disponíveis para os atacar”, justificou Luciano Lourenço, ao falar hoje de manhã a alunos de Tondela sobre os principais riscos que afetam Portugal e aqueles que são mais frequentes neste concelho do distrito de Viseu.

O professor da Universidade de Coimbra exemplificou com um bolo inteiro: “Vamos todos atacá-lo, é relativamente fácil. Comemo-lo e ele desaparece num instante”.

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“Se o partirmos em fatias e distribuirmos essas fatias por todos os lados, vamos ter que andar a correr para aqui e para ali para apanhar uma fatia”, sendo que alguns ficarão sem comer, porque não chegarão a tempo, acrescentou.

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Segundo Luciano Lourenço, “os bombeiros muitas vezes também não chegam a tempo, porque dispersam-se por muitos incêndios”, o que revela a importância do número de ocorrências.

Uma aluna questionou o porquê de, mesmo tendo o município de Tondela um plano que prevê vários riscos e como os enfrentar, em outubro de 2017 ter havido um incêndio de grandes dimensões, que provocou mortes e muita destruição.

“Os incêndios começam todos por ser pequenos. E, quando começam, apagam-se com os pés. Quando não se apagam com os pés pode acontecer muita coisa”, respondeu o também diretor do Núcleo de Investigação Científica de Incêndios Florestais e coordenador da linha de investigação sobre “Riscos e Catástrofes” do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território.

Na opinião de Luciano Lourenço, se o número de incêndios em Portugal não for reduzido, “os bombeiros não vão ter capacidade para dar resposta a tudo”.

“Às vezes, a comunicação social quer-nos fazer crer que o problema é a falta de meios. Mas nós, por mais meios que tenhamos, nunca conseguiremos dar resposta a incêndios como os que tivemos a 17 de junho e a 15 de outubro (de 2017)”, frisou.

O docente considerou que, não havendo prevenção, os meios “nunca vão ser suficientes”.

“Se as casas estiverem protegidas, provavelmente vamos ter mais facilidade em apagar os incêndios, porque os bombeiros, em vez de irem proteger as casas, vão para a floresta apagar os incêndios”, acrescentou.

Luciano Lourenço disse ainda que, se os proprietários tiverem a preocupação de manter os terrenos limpos à volta das casas, estas são “dos locais mais seguros” para as pessoas ficarem durante um incêndio florestal.

Lembrando situações como a ocorrida no concelho de Oliveira do Hospital, onde um casal de idosos morreu quando saiu de casa e tentou fugir de carro, ou a “estrada da morte” de Pedrógão Grande, o responsável frisou que “a casa, em princípio, é dos sítios mais seguros onde se pode ficar”.

“Claro que temos que ter alguns cuidados, em primeiro lugar para proteger a casa. Não podemos ter as silvas, os arbustos e os eucaliptos a cair em cima da casa”, acrescentou.

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