Coimbra

Desenhos inéditos do Jardim Botânico de Coimbra revelados em catálogo

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 04-10-2022

 Desenhos inéditos do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra (UC) que foram descobertos num sótão em finais de 2021, abrangendo um período de 200 anos, são revelados, a partir de hoje, num catálogo digital.

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O catálogo (em formato ‘ebook’) produzido pelo Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia disponibiliza a coleção de 40 desenhos, 35 dos quais inéditos, que mostram um novo olhar sobre o processo de construção do Jardim Botânico, no ano em que se celebram os 250 anos da reforma pombalina da UC.

“Vários rolos mal acondicionados e com muito pó, dispostos em prateleiras no extremo do depósito da biblioteca de botânica (no sótão do edifício de S. Bento), chamaram a nossa atenção. Desenrolados com todo o cuidado, foram revelando, um após outro e perante a nossa surpresa e alegria, desenhos para nós desconhecidos e de notória antiguidade”, contou a responsável pelo arquivo do DCV, Ana Margarida Dias da Silva.

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Segundo a responsável, depois de uma limpeza superficial, “um olhar mais atento revelou plantas do Jardim Botânico, bem como plantas e alçados de muros, escadarias, gradeamentos e estufas”.

“Intuímos do seu interesse, mas era urgente investigar datas, autorias, descobrir como tinham ido ali parar e, acima de tudo, se eram, realmente, inéditos”, recordou.

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A consulta às obras de referência sobre o Jardim Botânico e sobre a reforma pombalina da Universidade de Coimbra levou a concluir que, “além dos cinco desenhos do Jardim Botânico pertencentes ao DCV e já conhecidos, não existia nenhuma referência aos desenhos descobertos”.

Ana Margarida Dias da Silva explicou que a coleção agora tornada pública, que conta com nomes como Macomboa, José do Couto, Neves e Mello e Cottinelli Telmo, mostra “as soluções arquitetónicas projetadas e as realizadas, no diálogo entre as componentes artística e científica”.

O objetivo é o de que a coleção “contribua para o melhor conhecimento e novas leituras sobre o que foi idealizado e/ou projetado, o que foi aprovado e o que foi, efetivamente, construído”, moldando o Jardim Botânico como hoje é conhecido: “simultaneamente espaço de ciência, coleção biológica e um espaço emblemático da universidade e da cidade de Coimbra”.

Os desenhos descobertos terão sido “documentos de trabalho com anotações a lápis, que mostram hesitações e alterações” e que ficavam guardados na “gaveta do jardineiro”.

Segundo a especialista, “alguns desses desenhos avulsos são reveladores de projetos nunca concretizados ou muito modificados na sua execução”, sendo que “o caráter utilitário destas peças desenhadas poderia ter ditado a sua eliminação, finda a concretização da obra ou a rejeição do projeto”.

O diretor do DCV, Miguel Pardal, disse que, atendendo ao “valor e importância da coleção”, foi assumido, “desde o primeiro momento, o financiamento do restauro e da digitalização dos desenhos, de forma a garantir a sua preservação e disponibilização para estudos futuros”.

O “Catálogo dos desenhos do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Coleção do Departamento de Ciências da Vida (séculos XVIII a XX)” reúne todos os desenhos pertencentes ao DCV, incluindo os cinco já conhecidos e os 35 inéditos. Trata-se de três desenhos do século XVIII, 27 do século XIX e 10 do século XX.

As autoras da obra, Ana Margarida Dias da Silva e Maria Teresa Gonçalves, também pretendem disponibilizar ‘online’, em acesso aberto, fontes iconográficas essenciais para o estudo da construção e das soluções arquitetónicas escolhidas para o Jardim Botânico.

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