Região

Associação de Gerontologia Social organiza o “maior evento” sobre envelhecimento em Portugal

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 03-09-2021

“O aumento da esperança média de vida leva muitas famílias a viver em sacrifício entre os filhos que precisam de cuidados e os pais que precisam de assegurar a sobrevivência com dignidade. Há famílias que vivem em esforço para poderem ter os seus pais num lar, poderem continuar a trabalhar e ainda cuidar das suas crianças. Há também profissionais dos lares que durante o estado emergência da covid-19 se fecharam nos lares para cuidar dos idosos, e se afastaram das próprias famílias.” O “maior evento sobre envelhecimento em Portugal” vai debater estes temas e realiza-se nos dias 25, 27 e 28 deste mês, em Leiria, com organização da Associação Nacional de Gerontologia Social (ANGES).

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Sediada no Espaço Inovação da Melhada, a ANGES já está em ambiente de preparação do congresso como testemunhou o Notícias de Coimbra. A realidade da gerontologia social, os cuidados a idosos nas suas várias componentes, desde o funcionamento das organizações aos cuidados na prática, a formação de técnicos prestadores de cuidados e as condições de trabalho serão debatidos durante os trabalhos do único congresso científico sobre esta área, segundo revela o diretor da associação.

Ricardo Pocinho disse ao Notícias de Coimbra que o debate da gerontologia está cada vez mais atual, em particular depois das graves situações que a pandemia fez emergir, sendo esta quarta edição do Ageing Congress o palco de partilha de experiências, em especial com a pandemia, mas também de apresentação de resultados científicos pelos investigadores.

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O programa do Ageing Congress pode ser consultado no site da ANGES onde até ao dia 10 de setembro podem ser submetidas comunicações até ao dia 10 de Setembro. O diretor da organização revela que já receberam mais de uma centena de inscrições.

O gerontólogo explicou em entrevista em direto ao Notícias de Coimbra que um dos principais focos da ANGES é a formação das pessoas que trabalham nestas organizações. Destaca que 40% dos trabalhadores se encontram em burnout  (esgotamento físico e psíquico) e por isso é necessário encontrar soluções e promover a formação para melhorar as condições de trabalho dos cuidadores profissionais.

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Ricardo Pocinho discorda da caracterização da velhice como doença – como pretende a Organização Mundial de Saúde – e considera que é preciso alocar meios financeiros e profissionais, mesmo de saúde, aos lares e instituições.

Em Portugal não existe uma rede pública de lares, “são todos privados sendo alguns de perspetiva economicista e outros ligados a projetos de solidariedade”, como é o caso das misericórdias reconhece o diretor da ANGES.

“Quando as reformas dos idosos são pequenas – e há muitos idosos com reformas de trezentos euros por mês – a família tem de ter responsabilidade para com os progenitores. Mas não se pode pedir a quem não tem.  Por outro lado,  “todos sabemos que há lares ilegais, tem sido crescente o seu aparecimento, mas não é possível encerrá-los porque não existem lugares para colocar as pessoas”, sublinha.

“Não ser capaz de homenagear com condições de vida os mais velhos que nos permitiram hoje viver em liberdade é o mesmo que não se dedicar a nada” – afirma  Ricardo Pocinho e conclui: “O desenvolvimento de um país observa-se pela forma como trata os seus idosos”.

por Maria da Graça Polaco

Veja a entrevista completa a Ricardo Pocinho, da Associação Nacional de Gerontologia Social, no direto do Notícias de Coimbra.

 

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