O Sexo e a Cidade

DA SAGA “ÓDIO AOS ESTUDANTES SÓ PORQUE SIM”

O SEXO E A CIDADE - Opinião | Satírico, Sarcástico e Humorístico | 2 anos atrás em 29-10-2021

A poucas horas do término de mais uma Queima das Fitas de Coimbra, o balanço, aparentemente, é mais do que positivo. Talvez o termo “saudade” tenha sido o que mais tem caracterizado a festa, por toda a malfadada herança pandémica. Muito se falou sobre a realização deste nosso tão fofo e gentil evento académico. A verdade é que os estudantes superaram, uma vez mais, o pensamento crítico banal de contestação a temas mormente relacionados com o Ensino Superior, com destaque para a questão das propinas. Conseguiram despertar o assunto, três décadas depois de briosos coimbrões se terem feito ouvir ao país pelas mesmas razões: Cavaco Silva, primeiro-ministro à época, rangeu os dentes de terror. O Cortejo anual da Queima das Fitas 2021, de cariz contestatório, aconteceu em moldes distintos dos habituais. Desenrolou-se lá em baixo, no Parque da Canção (ou Queimódromo, vá), sob vigilância apertada da “Cabra”, que, pareceu, verter uma ou outra lágrima de alegria pelo consumado retorno às grandes festividades coimbrãs. Mas adiante.

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Estes jovens só querem é beber!”, “São estes os doutores de amanhã, tão mal-educados e porcos”, “Era pô-los na tropa” ou “Quero ver os casos da Covid daqui a uma ou duas semanas” são exemplos categóricos de comentários e desabafos (idiotas) de quem se sente ressabiado, frustrado, invejoso e roxo de raiva (como eu fiquei na minha última Queima depois de ter bebido dois finos de “penalti” seguido de um charro de erva praticamente sem tabaco á mistura) ao ver os nossos catraios na paródia, na boémia sã, a divertirem-se, a sorrirem e a cometerem uma ou outra loucura tão próprias deste ambiente que faz da academia de Coimbra o que é: irreverente, pensadora, crítica, audaz, sem tabus, singular, rata e astuta, charmosa e ninfomaníaca, bêbeda por natureza, intelectual pela História, foliona e capaz, forte, corajosa e capaz de pedir a palavra sempre que as injustiças e desigualdades quiserem prevalecer. Abril de 1969 que o diga.

Este ódio aos estudantes foi manifesto durante estes dias. Tem sido um ódio gratuito e lacaio do apocalipse. Só porque sim! “Se eu não posso divertir-me, eles também não podem. Não podem ser felizes. Têm de ficar em casa. A Covid não é o problema, mas tenho de usar este argumento para dar credibilidade à minha frustração”: é mais ou menos assim que os arautos do ressabiamento e da inveja patega pensam. A resposta tem sido dada ao longo desta última semana, com uma Queima das Fitas organizada sem chatices de maior, salvaguardando, exemplarmente, a saúde de tudo e de todos. E em Maio, há mais! Mas, desta vez, nada de finos a “penalti”! Ah, e também seguirei o conselho de um amigo: “Põe mais tabaco nisso, pá!”.

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Opinião de Pedro Nuno Marques

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