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Covid-19: Associação de escolas de saúde pública diz que Europa está numa “encruzilhada”

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 14-07-2021

A Associação de Escolas de Saúde Pública da Europa considerou que a Europa está “numa encruzilhada”, alertando que acelerar demasiado o abandono de medidas preventivas pode pôr em causa o controlo de pandemia e parte dos esforços de vacinação.

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O alerta é feito pela ‘task force’, criada pela ASPHER (sigla da associação em inglês), da qual faz parte a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), num artigo sobre o estado atual da pandemia na Europa agora publicado.

“A rápida e grande difusão de novas variantes da covid-19 neste verão e o atraso na sua deteção, associadas a importações em todo o mundo traz consigo o risco de espalhar variantes mais resistentes às vacinas e o risco de sequelas a médio e longo prazo, ainda mal conhecidas, mas que devem ser considerados face à evidência disponível”, alertam os especialistas.

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Por isso, advertem que, neste Verão, enquanto a vacinação ainda está a avançar, “acelerar demasiado o abandono de medidas preventivas pode pôr em causa o controlo da pandemia a médio prazo e parte dos esforços de vacinação e pode aumentar a carga de doenças associadas à covid no futuro”.

Em declarações hoje à agência Lusa, o investigador principal, Vasco Ricoca Peixoto, da ENSP, afirmou que se está a observar em toda a Europa grandes subidas de casos na população não vacinada, que ainda é “suficientemente grande”.

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“Estamos numa encruzilhada porque já temos evidência que aponta que o aparecimento de novas variantes não é uma coisa assim tão rara”, declarou.

No seu entender, o ‘boom’ de casos que houve na índia poderá indicar a circulação no sudeste asiáticos de alguma variante “ainda melhor adaptada que a Delta” e que eventualmente se irá espalhar no mundo.

Perante este cenário, o investigador defendeu que enquanto a vacinação avança durante estes meses, “é melhor ser prudente, gerir a comunicação também com base nisto e reforçar o controlo de fronteiras do espaço Schengen, especialmente de países com mais transmissão” como se pode tornar o Reino Unido que poderá ficar quase sem restrições a partir da próxima segunda-feira, uma decisão que disse parecer “uma armadilha, uma ratoeira”.

“Há uma preocupação com isto porque vivemos num mundo global e podemos estar a pôr em causa o esforço de vacinação mais cedo do que gostaríamos”, advertiu o investigador.

Defendeu ainda a importância de se atrasar a entrada e a disseminação de variantes que podem no próximo inverno reduzir um pouco mais a eficácia das vacinas, que mantêm “uma eficácia muito elevada para prevenir hospitalizações e mortes”.

Lembrou que no último mês em Israel a vacina Pfizer só evitou 64% das infeções sintomáticas nas pessoas com a variante Delta, a maior parte vacinada há praticamente seis meses.

“Uma variante que exige que se faça atualizações de vacinas também não deve ser uma coisa levada assim tão ligeiramente, porque isso vai exigir novos investimentos, novos custos de nova produção de vacinas, vai haver sempre atrasos e a confiança das pessoas também não sabemos como é que se vai manter caso isso aconteça dessa forma”, vincou.

Vasco Ricoca Peixoto admitiu ser “complicado e difícil” gerir riscos a longo prazo e comunicá-los às pessoas, para fazerem a sua gestão individual e coletiva destes riscos, mas defendeu que, pelo menos, devem estar em cima da mesa todos os cenários.

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