Contas da Queima das Fitas não batem certo desde 2009!

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 11-04-2018

Notícias de Coimbra teve acesso a documento oficial onde se pode ler que o Conselho Fiscal  (CF) da Associação Académica de Coimbra “apurou que os saldos apresentados e distribuídos pela Queima das Fitas, desde o ano de 2019, não correspondem à realidade dos comprovativos bancários existentes, quer relativos ao ano civil quer relativos às várias edições da Queima das Fitas”.

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A Comissão Central da Queima das Fitas de 2017.

Esta constatação do Conselho Fiscal liderado por Eric Jorge é corroborada por técnicas oficiais de contas e por uma chefe de serviços da AAC.

O Conselho Fiscal verifica ainda que se evidencia “um forte agravamento nessas discrepâncias nos anos de 2016 e 2017”.

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O órgão fiscalizador da academia conclui que “devido à discrepância entro os valores apresentados pela CCFQ 17 no Relatório de Contas e os valores registados pela CTP/AAC, e à falta do Relatório Anual”, tem de “dar o seu parecer negativo sobre o Relatório Anual e Contas da Queima das Fitas do ano de 2017”.

Acrescenta o CF que fica, assim, registada a existência de fortes e sérios indícios de violação e desrespeito pelos Estatutos regulamentos e norma internas da AAC, “para eventual ação da Comissão Disciplinar”.

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O Conselho Fiscal recomenda que a Comissão Disciplinar que “faça a análise deste relatório com a análise do relatório da edição anterior” (2016).

Segundo o mesmo CF, o relatório de 2016 está a ser ojecto de “investigação” por parte da Comissão Disciplinar.

Eric Jorge

O Conselho Fiscal lamenta ainda a demora sistemática na entrega das contas, bem como a forma pouco cuidada como  as mesmas são apresentadas.

Constata-se a recorrência do atraso, em largos meses, na entrega do relatório em estudo, mostrando-se necessário realçar a necessidade do documento à prossecução das várias actividades da AAC, cujos intervenientes se têm mostrado lesados devido aos sucessivos atrasos por parte da Comissão Organizador da Queima das Fitas”, salienta o CF.

O CF acrescenta que “não pode deixar de registar sua preocupação relativamente aos sucessivos e injustificados atrasos na atribuição e distribuição de verbas provenientes da Queima das Fitas, que deveriam ser efectivadas até 31 de dezembro de cada ano”.

Na deliberação com data de 9 de abril também podemos ler que “tais comportamentos são repudiados e inadmissíveis aos olhos do Conselho Fiscal e dos Estatutos da AAC, especialmente sendo a Queima das Fitas uma importante fonte de recursos e verbas, reitera-se, cada vez mais necessários à sobrevivência e longevidade das várias estruturas da AAC”.

Recordamos que no dia 1 de março, a secção cultural responsável pela Serenata Monumental tinha comunicado a recusa em participar na Queima das Fitas deste ano face aos vários problemas que enfrentava, nomeadamente a ausência de financiamento nos últimos dois anos.

A  mesma Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra anunciou a 4 de abril que afinal vai participar na Queima das Fitas e garantir a realização da Serenata Monumental, por terem sido resolvidos os problemas com a organização.

alexandre amado

A direção-geral da Associação Académica de Coimbra (AAC) defendeu no dia 5 de abril, que, no futuro, a organização da Queima das Fitas deve estar sob sua “tutela e supervisão”, mas acabou por não apresentar medidas concretas nem dar pormenores sobre as alegadas irregularidades.

A implementação de um novo modelo da Queima das Fitas, que passa por manter a suposta autonomia da Comissão Organizadora, mas que não mexe nos diversos poderes instalados,  foi anunciada pelo presidente da academia, Alexandre Amado, em conferência de imprensa marcada para abordar questões de “ordem financeira e programática que esta e anteriores eleições da Queima das Fitas têm suscitado”.

“É indispensável implementar, para o futuro, um modelo de organização que permita à direção-geral exercer efetivamente essas competências enquanto único órgão estatutariamente responsável pela administração e gestão financeira da AAC”, disse o líder da AAC que faz questão de só falar do que lhe interessa.

O líder estudantil abordou a demora no fecho das contas das edições de 2016 e 2017, que “provocou um atraso necessário na atribuição das verbas resultantes” pelas atividades das secções, núcleos, projetos e à própria direção-geral.

Por outro lado, Alexandre Amado queixou-se de que os resultados financeiros da Queima das Fitas “ficaram manifestamente aquém do expectável nas duas últimas edições”, mas não explica porque é a festa deixou de dar lucro que se veja.

Em 2016, o saldo positivo destinado a distribuir pelas estruturas da academia situa-se nos 90 mil euros e, em 2017 não deve ultrapassar o mesmo valor, indicou Alexandre Amado.

Segundo o dirigente, a direção-geral da AAC injetou nos últimos cinco anos “mais de 200 mil euros em excesso” na Queima das Fitas, “abdicando de disponibilidade financeira própria, em benefício das estruturas da casa através da distribuição dos saldos”.

No entanto, acrescentou, a direção-geral não está disponível para “atribuir uma vez mais um valor excessivo, que apenas contribuiria para a obtenção de mais um resultado não correspondente ao real exercício, em prejuízo da atividade da AAC”.

E, para oferecer alguma estabilidade às secções e núcleos em maiores dificuldades, Alexandre Amado anunciou um apoio extraordinário de 50 mil euros aos conselhos cultural, desportivo e internúcleos para distribuir pelas respetivas estruturas.

“Este apoio pretende, dentro do possível, apoiar o desenvolvimento das atividades das estruturas da academia até à distribuição do saldo financeiro que resultar da edição deste ano da Queima das Fitas, momento em que a direção-geral recuperará a verba adiantada, caso o resultado financeiro o permita”, frisou.

A edição deste ano da festa da Queima das Fitas, que vai decorrer de 04 a 11 de maio, está orçada em 980 mil euros, menos 250 mil do que na edição anterior.

Questionado sobre o facto da Queima das Fitas contratar sempre a mesma produtora, Alexandre Amaro preferiu “chutar para canto”.

O Presidente da AAC também entendeu não dar explicações em relação aos contratos com a Unicer/Super Bock Group (venda de cerveja na Queima, Latada e bar AAC) e a AAC/OAF ou AAC/OAF- SDUQ (aluguer do Pavilhão Jorge Anjinho).

Saiba tudo o que foi dito no vídeo do Directo NDC:

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