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Coimbra recebe “Ícaro”. Requiem que não é requiem inspirado no Fado de Coimbra

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 24-05-2022

Coimbra recebe no sábado a estreia do espetáculo “Ícaro – Requiem para uma morte anunciada”, uma produção com cerca de 80 pessoas, que pega em características do requiem e da ópera e as mistura com o universo da Canção de Coimbra.

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Apesar de ter no seu título ‘Requiem’, Tiago Curado, um dos responsáveis pelas composições, a par de Pedro Nuno Lopes e Luís Figueiredo, avisa que não se está perante um requiem tradicional, antes uma proposta que apenas consegue classificar a partir de um conceito mais amplo: “É um espetáculo”.

“Não é uma ópera, não é um requiem e não é um espetáculo de Canção de Coimbra. Queríamos uma fluidez, que não fosse demasiado ópera, nem demasiado um requiem. Acaba por ser uma mescla de variadíssimas coisas”, disse à agência Lusa Tiago Curado.

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Em palco, no Convento São Francisco, no sábado, estarão cerca de 80 pessoas, com a participação do coro Coimbra Vocal, Helena Faria como narradora e Eduardo Almeida como solista, suportados musicalmente pela Orquestra Clássica do Centro, Diogo Passos na guitarra clássica, Hugo Gamboias na guitarra de Coimbra, Luís Figueiredo no piano e, como maestro, Sérgio Alapon.

Por agora com data única para sábado, este espetáculo produzido pelo Convento São Francisco surgiu de uma ideia de Tiago Curado e Pedro Nuno Lopes, que queriam “fazer algo inspirado no universo da Canção de Coimbra, a partir de uma obra original para coro e orquestra”.

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“Daí, nasce o Ícaro que passou de um requiem na sua essência para algo longe disso, com todo um espetáculo construído para coro, orquestra e solista”, em que Eduardo Almeida faz de Ícaro, disse um dos responsáveis.

Segundo Tiago Curado, as canções originais compostas para este espetáculo “não são fados tradicionais, mas têm uma certa identificação com toda a melancolia, e uma certa cadência do Fado de Coimbra”, daí a escolha de Eduardo Almeida, vocalista habituado àquele género musical da cidade, como solista que faz o papel de Ícaro (personagem mitológica que voou demasiado perto do sol).

“O requiem aqui é como se fosse um requiem profano, porque fala da morte sem haver necessariamente morte. O que estamos a fazer é um aviso à navegação, a nós, sociedade. O Ícaro é uma enorme metáfora, como um aviso da ambição enquanto sociedade”, explicou.

Para a encenadora do espetáculo, Carla Bolito, as canções compostas “são muito poéticas”, com “um lado nostálgico”, próprio da Canção de Coimbra, apresentando uma espécie de “pós-Ícaro”, como se a personagem tivesse “recuperado da queda e se deparasse com o estado da humanidade”.

Para concretizar as imagens presentes nas canções e no diálogo entre coro e solista, foi introduzida uma narradora, que apresenta “um olhar mais distanciado, mais histórico-analítico”, uma espécie de prosa no meio das canções, aclarou a encenadora.

Para o músico Luís Figueiredo, mais habituado à música jazz e erudita, foi um desafio escrever os arranjos das canções para este espetáculo híbrido.

“O desafio, que é gigantesco, porque é muito ambicioso, foi o de cada uma das referências se tornar percetível”, notou.

Para o músico, pode haver neste espetáculo “uma série de pistas que podem ser úteis no futuro” para a Canção de Coimbra, apontando também para outros trabalhos no passado em que este género sofreu “várias contaminações”.

“O espetáculo é útil para revitalizar um meio que está ligado a práticas e tradições antigas e a uma instituição também antiga. Pode ser útil nesse sentido”, constatou Luís Figueiredo.

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