Coimbra não acreditou na palavra do Senhor do Templo

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 02-10-2017

Na hora da derrota,  o candidato da coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT “afirmou: “A minha leitura de Coimbra não é igual à que as pessoas de Coimbra fazem. Acho que Coimbra está num declínio muito grave, juntamente com a região, mas esta minha leitura não é aquela que as pessoas de Coimbra fazem”.

PUBLICIDADE

Jaime Ramos em Ceira, no final da A13, (Coimbra, Tomar, Entroncamento) preparado para exigir que o governo fure a montanha e dê continuidade da auto-estrada até Viseu

Jaime Ramos tem razão. Foi derrotado de forma estrondosa. Não há memória de uma derrota assim.

PUBLICIDADE

publicidade

Se e conhecesse melhor Coimbra, saberia que Coimbra é a cidade do “vamos andando”. “Uma aristocrata falida”, como lhe chamou a leiriense Damasceno que gere fundos da Europa na região Centro. É até, como disse um autor cujo nome preferimos não citar, “uma cidade onde até a maioria das putas é amadora”.

Ainda podíamos acrescentar  o exemplo da Académica, esse bandeira da cidade, que entre a primeira e segunda divisão paga ordenados mês sim mês não, mas não vale a pena ir por aí.

PUBLICIDADE

O senhor do templo devia ter percebido que era “pecado” abrir negócios em Coimbra no mesmo ano em que concorria à Câmara. A iniciativa é livre e a livre iniciativa é recomendável, mas Jaime caiu demasiado na tentação de misturar o público com o privado, o sagrado com o profano, Miranda com Coimbra.

“Passear” com os que alguns dos que perderam a Câmara ao lado de Barbosa de Melo também prejudicou muito a sua candidatura. Devia ter percebido que muitos dos que  dizem valer “100 votos”, não passam de “ex devotos”.

Ter adoptado o mesmo tipo de linguagem visual que o derrotado nas penúltimas eleições também contribuiu muito para ficar “outdoor”.

Ao candidato, que até teve boas ideias, como a da Capital Europeia da Cultura ou o “Meo Arena”, faltou estratégia e equipa com rasgo para combater o histórico Manuel Machado.

A sua campanha fez recordar a do independente Pina Prata em 2009. Passou os dias a “inventar”. “Inventou” tantos “inventos” que “cansou” o povo com tantas promessas. Algumas eram mesmo boas. Mas quando a esmola é muita, o pobre desconfia.

Andar por aí a tirar fotos com certos e determinados “cromos”, daqueles que entram e saem e vão andando de um lado para o outro, também não abonou muito a seu favor.

Nomear mandatários para tudo e para nada, não rendeu, salvo raras excepções, um voto que seja. Quase todos fazem parte de um passado que não garantia grande futuro.

Jaime Ramos veio a Coimbra e foi para a sua agitada vida de bom médico e grande empreendedor regional. Ficam Paulo Leitão e Luís Providência, os líderes das concelhias do CDS e do PSD. São simpáticos. Gente de bem. Não chega para ganhar eleições. Separados e juntos, foram derrotados em 2013 e 2017. Perderam o pouco capital politico que lhes restava. Resta saber se vão sair pela porta escancarada ou se preferem imitar passos de Coelho até voltarem a perder os Paços do Concelho.

Depois deste domingo que, decididamente, não foi o de Ramos, o PSD  de Coimbra volta a ficar ao Deus dará. Como de resto tem acontecido sempre que é oposição. Resta uma bancada com duas bonitas mulheres sem experiência politica (Madalena Abreu e Paula Pêgo) e um líder partidário (Paulo Leitão) que faltou a uma boa parte das reuniões do último executivo municipal.

“Deus Natureza” sabe que a cidade não mudou muito desde que Jaime Ramos foi Governador Civil de Coimbra. Mas “Não basta mudar as moscas” para mudar o que não é fácil de mudar.  Jaime Ramos podia ser um bom presidente da Câmara de Coimbra. Podia. Não foi em 2001. Podia ter sido em 2017. Mas há um tempo para tudo. Este não era o seu tem(plo). É um Senhor. Com um grande futuro. Com ou sem Ramal.

coimbra câmara

No dia de domingo, depois da “missa”, na hora de Coimbra contar os votos para a Câmara Municipal de Coimbra, o que se passou foi isto:

PS – Manuel Machado: 35,46%% – 5 vereadores, PSD/CDS/PPM/MPT – Jaime Ramos: 26,56% – 3 vereadores, SC – José Manuel Silva: 16,06% – 2  vereadores,  PCP/PEV- Francisco Queirós: 8,30% – 1 vereador, CpC – Jorge Gouveia Monteiro:  7,02% –  0 vereadores.

Crónica ilustrada por Fernando Moura

Related Images:

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE