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“Clarice” conta a história da heroína de “O Silêncio dos Inocentes” ao fim de 30 anos

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 17-04-2021

A nova série “Clarice”, que se estreia na Fox Portugal na segunda-feira, conta a história desconhecida da heroína que enfrentou Hannibal Lecter e salvou a última vítima do assassino Buffalo Bill em “O Silêncio dos Inocentes”.

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A ação decorre em 1993, um ano após os acontecimentos do icónico filme, e centra-se na jovem agente do FBI Clarice Starling, interpretada na série por Rebecca Breeds depois de imortalizada por Jodie Foster no cinema.

“Lembro-me de ver esta mulher a descer aos sítios mais obscuros das pessoas e a extrair a luz. Ela fez estas coisas loucas e heróicas e praticamente desapareceu durante trinta anos, não disse uma palavra”, disse à Lusa a cocriadora e ‘showrunner’, Jenny Lumet.

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“Houve uma série de outros filmes sobre os homens, assassinos tristes e desvairados, e eu estava sempre a pensar: ‘Mas onde está a história sobre a mulher que ganhou? A mulher que saiu vitoriosa de tudo isto?’”, descreveu, numa entrevista à Lusa em Los Angeles.

A oportunidade de explorar a perspetiva de Clarice Starling surgiu quando a MGM e a CBS disseram que sim ao projeto, filmando em plena pandemia de covid-19.

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“Este tipo de história, de uma mulher que se permite ser idiossincrática e que põe o romance de lado, que é multidimensional, é algo a que eu como escritora não podia resistir”, afirmou Lumet.

Copor Alex Kurtzman, “Clarice” foge à tentação de emular o formato de “Silêncio dos Inocentes”, até porque, por uma questão de direitos, a série está proibida de referenciar Hannibal Lecter e outros personagens do filme.

“Sabíamos que a primeira coisa que viria à cabeça numa série sobre Clarice Starling seria ela ir atrás de um assassino em série, por isso decidimos fazer algo diferente porque queríamos desafiar as expectativas em todas as áreas”, explicou Jenny Lumet.

Não queriam fazer uma série processual clássica, em que há um cadáver encontrado no início do episódio e um culpado no final. Estavam interessados em explorar as pessoas que escolhem esta carreira, em especial numa altura em que a área era dominada por homens e não havia enquadramento para assédio no local de trabalho.

Foi isso que os levou a situar a ação em 1993. “Não queríamos que ela fosse ao Google, que andasse com telemóvel, ou que pudesse ir aos Recursos Humanos fazer queixa de comportamentos”, disse Lumet, frisando que naquela época não havia linguagem que codificasse a hostilidade baseada em género.

A perspetiva dos criadores também foi influenciada pelos acontecimentos dos últimos anos nos EUA, e pela experiência da própria ‘showrunner’.

“Parece-me a altura certa para que uma mulher que esteve silenciosa durante trinta anos fale, especialmente depois do ‘Me Too'”.

Por outro lado, o universo criado por Thomas Harris, que publicou “O Silêncio dos Inocentes” em 1988, era omisso em relação à história e particularidades de Clarice, o que deu espaço aos criadores para explorar a personagem.

“Tantas mulheres detetives na televisão são como filhas de Clarice Starling”, considerou Lumet. “Sinto que ela foi um arquétipo. Uma heroína, um ícone, e completamente misteriosa ao mesmo tempo”.

Lumet também quis debruçar-se sobre as camadas de uma mulher que optou por uma carreira com elementos assustadores e não vacilou. “Uma mulher que faz estas escolhas tem muitos segredos, e estou muito interessada em mulheres com segredos”.

Além de Rebecca Breeds, a série conta com Marnee Carpenter (que interpreta a sobrevivente Catherine Martin), Jayne Atkinson (Ruth Martin), Michael Cudlitz (Paul Krendler), Lucca de Oliveira (Tomas Esquivel), Karl Penn (Shaan Tripathi), Nick Sandow (agente Clark) e Devyn Tyler (Ardelia Mapp).

A ‘showrunner’ disse estar orgulhosa do trabalho feito e imperturbável por algumas críticas negativas, notando a mais-valia da diversificação de vozes na televisão.

“Sou uma mulher negra de 54 anos, não é suposto eu trabalhar em televisão, mas aqui estou e é maravilhoso. Vou fazer isto até me apanharem”, gracejou. “Há séries criadas por mulheres e pessoas de cor a fazerem dinheiro, e é isso. Isto não se chama espetáculo cultural, chama-se negócio do espetáculo”.

Notando que a diferença temporal entre os acontecimentos de “O Silêncio dos Inocentes” e “Hannibal” é de sete anos, Jenny Lumet disse que a sua intenção é que a série dure várias temporadas.

“É uma série assustadora e interessante, com momentos psicológicos muito profundos, e espero que as pessoas gostem dela”, afirmou.

“Clarice” estreia-se às 22:15 de segunda-feira, 19 de abril, na Fox Portugal, com duplo episódio.

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