Coimbra

Cientistas desenvolvem tubo-guia biodegradável para regeneração de nervo periférico

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 18-12-2018

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), com a colaboração da Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), desenvolveu um inovador tubo-guia biodegradável para regeneração de nervo periférico (nervo responsável pela função motora e/ou sensorial) após lesões.

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Na Europa, registam-se anualmente 300 mil lesões de nervo periférico causadas, por exemplo, por acidentes rodoviários e laborais, danos tumorais ou infeções virais, representando um importante problema de saúde. As lesões de nervo periférico estão quase sempre associadas a lesões secundárias e, muitas vezes, provocam danos irreversíveis, como a perda de locomoção.

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O novo tubo-guia, já protegido por patente provisória, distingue-se por «ser um dispositivo biodegradável de forma controlada, produzido integralmente com materiais aprovados pela FDA [Food and Drug Administration], não tóxico e completamente seguro, que cria um microambiente propício à regeneração do nervo, isto é, promove a adesão e proliferação celular. Outra característica importante é o facto de ser um tubo flexível, de dimensão adaptável ao tipo de lesão do nervo», destaca o coordenador do estudo, Jorge Coelho.

Dito de forma muito simples, depois de implantado no paciente, o tubo-guia de base polimérica «vai indicar o caminho correto para que as extremidades separadas pela lesão (corte) possam juntar-se novamente e retomar a sua função», explica o investigador e docente do Departamento de Engenharia Química da FCTUC.

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Testada em modelos animais (ratinhos), a solução apresentou resultados muito promissores: «o tubo-guia foi implantado em modelos de neurotmese – lesão do nervo ciático, o grau mais severo de lesão de nervo periférico. Após 20 semanas, verificou-se a recuperação total da função motora e sensorial dos animais», sublinha Jorge Coelho. O tempo estimado para a recuperação em humanos será entre 24 e 30 semanas.

Atualmente, as lesões de nervo periférico são tratadas frequentemente com recurso a autoenxertos, método que apresenta muitas desvantagens, como a resistência a sutura e sacrifício de um nervo saudável.

O projeto acaba de vencer a final do concurso europeu PhD transition fellowships, promovido programa EIT Health, através da tese de doutoramento realizada por Catarina Pinho. Intitulado “Polymeric Nerve Guide Tubes for Peripheral Nerve Regeneration”, o trabalho derrotou as propostas apresentadas pelas universidades de Oxford (Inglaterra), Sorbonne e Grenobla Alpes (França), e pelo Instituto Karolinska, da Suécia.

Validado o conceito e concluídos com sucesso os ensaios in vivo, os investigadores ponderam agora constituir uma Startup (empresa) da Universidade de Coimbra, tendo em vista a realização dos estudos necessários conducentes à comercialização do produto.

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