Cidade

Câmara e cidadãos (des)encontram-se na limpeza da estátua dos Heróis do Ultramar

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 02-10-2020

Um grupo de cidadãos, liderado pelo médico Nuno Freitas, efetuou hoje uma ação de limpeza das pichagens da estátua dos Heróis do Ultramar, na Solum, em Coimbra, “num gesto simbólico de respeito da memória” pelos combatentes na Guerra Colonial que tinha sido vandalizada há cerca de uma semana.

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Apelidando de “ofensa gratuita” as inscrições com tinta vermelha que continham insultos de “assassínios” aos militarres que combateram nas ex-colónias, Nuno Freitas disse ao Notícias de Coimbra que o grupo ficou com o “sentir de missão cumprida” e que as questões sobre esta época “estão pacificadas. A descolonização era um objectivo do 25 de Abril que foi cumprido” considerou.

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Nuno Freitas, que também é líder do grupo do PSD na Assembleia Municipal de Coimbra e anunciado candidato à presidência da Câmara de Coimbra pelo mesmo partido, disse ainda que a ação foi marcada individualmente pelos cidadão que contrataram uma empresa devidamente certificada para o trabalho e que contou com a presença do vice-presidente da Liga,o major Jorge Carvalho, e outros antigos combatentes.

Freitas disse que quando a meio da manhã o grupo chegou ao local encontrou uma equipa da Câmara, que segundo apurou o Notícias de Coimbra, não estava a conseguir efectuar a limpeza das inscrições e que aceitou a ajuda da empresa especializada que veio de Lisboa e foi contratada pelo do grupo de cidadãos.  Nuno Freitas descreveu que o trabalho de limpeza decorreu com tranquilidade e na presença de um engenheiro do Município, que por “conhecer a empresa”  presenciou a ação, conforme também constataram alguns ex-combatentes no momento.

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O médico, que trabalhou como anestesilogista do Hospital Militar até sair recentemente – devido à reestruturação desta unidade de saúde de Coimbra -, revelou que através de ex-militares que foi conhecendo nesse contexto constatou pessoalmente o elevado grau de indignação da comunidade perante o ato de vandalismo.

Durante a tarde, o vice-presidente da Câmara, o socialista Carlos Cidade, veio manifestar publicamente um agradecimento aos funcionários da autarquia, pelo trabalho de limpeza da estátua.

Já durante a tarde, o município de Coimbra emitia um comunicado divulgando que “depois de realizadas as investigações habituais depois da ocorrência de um crime punível por lei, a Câmara Municipal de Coimbra iniciou esta manhã (pelas 09h30) a limpeza da intolerável e vândala pichagem no monumento instalado na Praça dos Heróis do Ultramar”.

A autarquia revela no comunicado que “perto da pausa para almoço, os funcionários municipais foram surpreendidos com a presença de uma empresa privada, sem se conhecer a origem da sua contratação, que transpôs a vedação colocada na envolvente do monumento e começou a limpar o que já estava a ser limpo e iria ser concluído durante a tarde de hoje pelos serviços municipais, como registado nestas fotografias que anexamos (e que podem nos detalhes comprovar a data e hora a que foram tiradas)”.

A Câmara “vai investigar o sucedido e quer saber que procedimentos foram adotados, esperando que a limpeza não autorizada tenha sido cuidada e que não venha a danificar o monumento”. A empresa que hoje efetuou o serviço de limpeza é fornecedora da autarquia.A brigada dos serviços municipais, criada pela autarquia em 2018, opera com equipamento próprio e especializado, utiliza produtos biodegradáveis e ecológicos, não tóxicos, perigosos ou inflamáveis e sempre depois de testados para não deteriorar o património.

Instado pelo Notícias de Coimbra a comentar os comunicados do Município de Coimbra e do Partido Socialista local, Nuno Freitas preferiu não comentar.  Freitas assegurou que a estátua está em excelente estado de conservação e que os ex-militares presentes tomaram a palavra para homenagear os que tombaram na guerra e recordar o perfil daqueles momentos traumáticos em África.

A ultima sessão de Câmara começou com o presidente da autarquia, Manuel Machado, a condenar de forma veemente os atos de vandalismo, antidemocráticos naquela estátua da Praça dos Heróis do Ultramar.

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