CHUC realizou hoje o milésimo implante coclear em surdos profundos

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 29-08-2017

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) realizou hoje de manhã o milésimo implante coclear, a única solução que permite que os surdos profundos possam desfrutar de audição e de uma vida com mais bem-estar.

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Segundo o médico Luís Filipe Silva, diretor da Unidade Funcional de Implantes Cocleares (UFIC), cerca de metade dos implantes foram aplicados em crianças, algumas com menos de um ano, com resultados “muito bons”.

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Cerca de 87% dos doentes implantados ao longo de 30 anos de atividade falam ao telefone e a maioria das crianças frequenta a escola regular.

Os implantes cocleares, que se fazem em Coimbra desde 1985 [no então Hospital dos Covões], têm contribuído para a integração dos surdos no mercado do trabalho, preparando-os para uma vida ativa e autónoma com um mínimo de limitações.

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“Hoje, todos os implantes, seja qual for o surdo (adulto ou criança), dão benefício. Por isso, colocar um implante deixou de ser o passo mais importante nesta área”, salientou Luís Filipe Silva, que alerta para o facto de algumas intervenções estarem a ser realizadas em instituições que depois não fazem o devido acompanhamento do doente.

Para o especialista em otorrinolaringologia, mais importante do que o número de implantes realizados é saber “quais são os níveis de reabilitação que se atingem, mas para isso é preciso saber quais as capacidades que o indivíduo é capaz de atingir com aquele dispositivo”, que custa 20 mil euros.

“Aqui entramos num campo em que é preciso mais cultura nesta área e, normalmente, ninguém liga muito a isso, porque implantar é fácil”, enfatizou Luís Filipe Silva.

As crianças são o grupo mais exigente nesta área, porque nunca ouviram, e, segundo o médico, obrigam a “uma equipa bem treinada, que perceba os sinais e que tenha um ‘feeling’ suficiente para colocar e adaptar bem o implante”.

O diretor da UFIC sublinha que os CHUC dão condições para as crianças estarem entre dois a três meses no hospital para o implante ser adaptado, “que é uma coisa que, neste momento, está a passar em claro a grande parte das equipas que fazem implantes”.

“Ou temos uma equipa que faz depois o seguimento [do doente] ou não basta colocar um implante numa pessoa e depois, passados 10 anos quando ela tiver patologia”, não a acompanhar, adverte o médico, referindo que os CHUC têm “imensas” pessoas em reabilitação que não foram ali intervencionadas, inclusive do Brasil.

De acordo com Luís Filipe Silva, não há rejeição de equipamentos nos surdos intervencionados, embora existam algumas complicações, sendo a mais frequente de origem traumática, quando a pessoa sofre alguma pancada na zona do implante.

As infeções crónicas no ouvido e a avaria do equipamento são as outras duas complicações que podem ocorrer, acrescentou o especialista.

O CHUC é o único Centro de Referência Nacional público nos implantes cocleares (existe outro em Lisboa, mas agrega uma instituição de saúde privada), acolhendo doentes de todo o continente e ilhas.

Anualmente, aplica 80 novos implantes cocleares em doentes de todo o país, incluindo das ilhas.

“Fazer implantes cocleares não é para todas as instituições, porque por detrás de um implante está toda uma estrutura, uma equipa multidisciplinar, com profissionais de diversas origens que a suporta”, frisou, por seu lado, o presidente do conselho de administração do CHUC.

Fernando Regateiro refere que não se chegou a este patamar de diferenciação “por geração espontânea, mas sim com muito esforço, muita ousadia, dedicação e ambição de fazer e servir cada vez melhor”.

“Não se chega a um milésimo implante sem muito esforço, sacrifício, dedicação e qualidade de serviço”, disse o responsável, salientando que a “concentração gera qualidade e que a qualidade introduz eficiência”.

Para o presidente do conselho de administração, os centros de referência “vêm responder concretamente à necessidade de agregar respostas muito diferenciadas e de elevados custos, que exigem equipas multidisciplinares que evitam redundâncias e melhoram ainda mais a qualidade da resposta”.

Frisando que a atuação do CHUC não se esgota nas fronteiras nacionais, Fernando Regateiro mostrou-se disponível para desenvolver respostas nesta área além-fronteiras, nomeadamente nos países de língua oficial portuguesa.

 

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