Centros de saúde da região “não estão preparados” para tragédias

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 12-10-2017

 Os centros de saúde “não estão preparados nem equipados” para dar resposta a uma tragédia como a ocorrida durante os incêndios de junho na região Centro, refere o relatório da comissão técnica independente hoje tornado público.

PUBLICIDADE

MÉDICO

A comissão designada para analisar estes fogos ouviu os responsáveis pelos centros de saúde de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, tendo alguns deles referido a “dificuldade em garantir alguns consumíveis”.

PUBLICIDADE

publicidade

“Os centros de saúde não estão preparados nem equipados para responder a uma emergência desta dimensão. Por esse motivo, a complementaridade com o INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) foi bastante relevada”, refere o relatório.

Entre 17 e 22 de junho, o INEM prestou assistência a 198 pessoas no incêndio de Pedrógão (distrito de Leiria) e a 57 no de Góis (distrito de Coimbra). O relatório refere que, além das 64 vítimas mortais, o INEM registou 48 bombeiros, três elementos da GNR e um outro militar feridos gravemente e 87 evacuações de unidades de saúde.

PUBLICIDADE

No que respeita ao incêndio de Pedrógão Grande, segundo o relatório, no dia 17, os centros de saúde encerraram às 18:00, mas reabriram antes das 24:00.

“Não se verificaram contactos com o PCO (Posto de Comando Operacional) nem daí receberam quaisquer indicações. O trabalho foi articulado e coordenado com o INEM, estando ao cuidado deste as situações de maior gravidade”, explica.

No documento pode ler-se que “alguns recursos médicos tiveram dificuldade em chegar aos centros de saúde por força do corte dos acessos motivado pelos incêndios”, tendo a abertura do de Castanheira de Pera sido garantida por um médico dentista.

“Houve médicos, enfermeiros e auxiliares que se mantiveram em funções durante longos períodos de tempo, garantindo que, durante todo o fim de semana, os centros de saúde permanecessem abertos”, acrescenta.

O INEM teve sempre um oficial de ligação junto do PCO, “foram-lhe atribuídas as respetivas missões e, a partir daí, fazia o despacho de meios de acordo com a necessidade dos pedidos”, explica.

No caso do incêndio de Pedrógão Grande, foi instalado junto do PCO de Avelar um Posto Médico Avançado. Para esta ocorrência foram mobilizados 37 operacionais, 16 veículos e um helicóptero.

O relatório refere que “a atuação do INEM contou com o apoio prestado pelas unidades de saúde locais e pela Segurança Social e também pelas instituições particulares de solidariedade social”.

No incêndio de Góis, a área médico-sanitária foi igualmente coordenada pelo INEM, tendo sido mobilizados 31 operacionais, 14 veículos e um helicóptero.

“No âmbito dos contactos realizados, foi igualmente sublinhado o apoio prestado pelas unidades de saúde locais, Segurança Social e outras instituições de solidariedade social. As iniciativas do INEM beneficiaram de um forte envolvimento da Cruz Vermelha Portuguesa”, pode ler-se no relatório.

Para prestar apoio às operações de evacuação, além das ambulâncias dos corpos de bombeiros, “foram mobilizados dois grupos de evacuação sanitária, sempre devidamente articulados com o INEM”, sendo “um do distrito de Lisboa, com 13 ambulâncias de socorro, e outro de Castelo Branco, com seis ambulâncias de socorro”, acrescenta.

O fogo que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho só foi extinto uma semana depois, tal como o incêndio que teve início em Góis. Os dois fogos, que consumiram perto de 50 mil hectares em conjunto, mobilizaram mais de mil operacionais no combate às chamas.

O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, tendo alastrado a vários municípios vizinhos, causou 64 mortos e cerca de 200 feridos.

Related Images:

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE