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Casimiro Simões apresenta livro em formato de PPP na Lousã

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 24-10-2019

Casimiro Simões apresenta na Filarmónica Lousanense, no sábado, às 15:00, o seu último livro, intitulado “Pessoas, Pensamentos e Palavras”, uma PPP, afinal, que resulta de uma “parceria pública simplesmente privada”, segundo o jornalista da Lousã.

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A obra é especialmente dedicada, a título póstumo, ao advogado António Arnaut e ao psiquiatra Louzã Henriques.

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São 70 textos que propõem uma viagem cujas principais paragens são dezenas de figuras públicas e outras menos conhecidas que marcaram o percurso de vida do cidadão, jornalista e ativista cultural.

Trata-se de uma caminhada retrospetiva de 60 anos, que o autor completa no sábado, revisitada ao longo de 220 páginas, mas dando privilégio ao período de 1967 a 2019.

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O livro começa com um poema do músico José Mário Branco, que viveu na República dos Kágados na década de 1960, 20 anos antes do próprio Casimiro Simões, antigo estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

E termina com uma carta que o escritor, então com apenas sete anos, enviou ao seu irmão Augusto, operário têxtil e mais tarde guarda florestal, que estava na Guiné, em 1967, numa das três frentes da guerra colonial.

Além do autor, intervêm na sessão Teresa Alegre Portugal, autora do prefácio, e Carlos Marta Ferreira, antigo companheiro de Casimiro no Liceu da Lousã.

Os seus amigos Zé Nobre Quaresma e Francisco Paz vão ler excertos da obra.

O programa inclui ainda um momento musical com Manuel Rocha e Luís Garção Nunes, da Brigada Victor Jara, além de João Queirós e Ramiro Simões.

A Companhia Marimbondo e a Maria Estátua asseguram a animação.

O Notícias de Coimbra está em condições de antecipar a nota inaugural da PPP, pelo próprio Casimiro Simões:

Parceria pública simplesmente privada

Em 2009, publiquei o meu primeiro livro – “Com as botas do meu pai – Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo” – e dei início a um ciclo que resultou na produção de mais duas obras, todas no género da sátira social e política.

No âmbito desta trilogia, para celebrar o centenário da implantação da República em Portugal, dei depois à estampa, sempre em edição do autor, as obras “Campanha bufa – Porco no espeto na safra de Vale Tudo” (2010) e “Cornos ao sol – Agonia do carneiro velho na troika de Vale Tudo” (2013).

Uma década após a minha estreia na área da ficção, num momento em que completava 50 anos de vida, regresso à atividade editorial.

Desta vez, trago ao julgamento dos leitores uma PPP – “Pessoas, Pensamentos e Palavras” – um livro transparentemente público, só possível com genuínas parcerias, mas sem nenhuma participação financeira de entidades privadas, nem subsídios de autarquias ou organismos do Estado.

Todos os custos e riscos de produção, apresentação e divulgação desta PPP, materiais e intelectuais, são assumidos exclusivamente por mim, que, no entanto, tenho o privilégio de contar, desde 2009, com a cumplicidade de profissionais diversos, amigos e familiares, além de muitos leitores, que são, estes sim, a razão primeira destas incursões na criação literária.

“Pessoas, Pensamentos e Palavras” nasce da ideia, já com alguns anos, de editar uma seleção de crónicas, contos e outros textos, entre inéditos e publicados em livros e diferentes títulos da imprensa, como o Trevim, do qual fui diretor 12 anos, o Diário As Beiras, o Campeão das Províncias, o Notícias de Coimbra e o extinto Jornal de Coimbra.

Faço-o agora, quando celebro 60 anos, metade dos quais como jornalista ao serviço da Agência Lusa, desde 1989.

E aproveito para assinalar os 90 anos do nascimento de José Afonso, os 50 da Crise Académica de 1969 e os 45 do 25 de Abril.

Dedico esta obra a um conjunto vasto de amigos e amigas, de diversos quadrantes, distintos cidadãos aos quais o Portugal democrático muito deve, nos planos local e nacional, desde logo o advogado e escritor António Arnaut, que há 40 anos foi o principal obreiro do Serviço Nacional de Saúde, e Manuel Louzã Henriques, psiquiatra, poeta e etnólogo, dois antifascistas que há meio século estiveram juntos na oposição à ditadura.

Há exatamente dez anos, estes dois homens estiveram comigo, apoiando-me depois em todas as diferentes fases de conceção da trilogia satírica e republicana, de 2009 a 2013.

Arnaut e Louzã partiram, em 2018 e 2019, e eu quero, com esta iniciativa, dar um modesto contributo para que nunca a sua memória – e os seus exemplos de dar à sociedade, sem nada cobrar – se apague e possa antes multiplicar-se a sua ação benfazeja pela Pátria e pela Humanidade.

Dezenas de outros cidadãos e cidadãs são igualmente reconhecidos neste livro, de figuras públicas a pessoas simples, longe do brilho dos holofotes, como os meus pais, Maria e Joaquim, e os meus irmãos mais velhos, José Augusto e Augusto.

Concebida pela jovem artista gráfica Mariana Domingos, a capa inclui fotos da grega Georgia Bounia e dos portugueses Luís Garção Nunes e Fernando Moura, a quem estou grato.

Esta coletânea é, afinal, uma viagem irregular que faço, em ordem decrescente, entre as recentes mortes de Louzã Henriques e António Arnaut e 1967, momento em que, com sete anos, escrevi uma carta pueril ao mano Augusto, que estava na Guiné, numa das três frentes da guerra colonial.

Estendo o meu agradecimento a Teresa Alegre Portugal, que escreveu o prefácio, e a José Mário Branco, que se associa à multifacetada festa cívica, em que são evocados dois companheiros seus que conheceu na cadeia, há mais de 50 anos, quando também o músico estava preso por razões políticas: Louzã Henriques e Carlos de Almeida”.

Casimiro Simões

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