Presidente da República presente em homenagem a Rómulo de Carvalho

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 26-02-2018

 O professor de Física e historiador da Ciência em Portugal Rómulo de Carvalho, que também foi o poeta António Gedeão, é hoje homenageado em Lisboa, na rua Sampaio Bruno, em Campo de Ourique, onde morou durante quase 40 anos.Rómulo de Carvalho

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A homenagem é uma iniciativa da junta de freguesia de Campo de Ourique, consiste na colocação de uma “placa comemorativa” no edifício onde Rómulo de Carvalho viveu, mobiliza o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, e realiza-se uma semana depois da passagem dos 21 anos sobre a morte do cientista, pedagogo e escritor, em 19 de fevereiro de 1997, aos 90 anos.

Rómulo de Carvalho fixou-se na freguesia de Campo de Ourique, em 1957, no regresso a Lisboa, depois de oito anos de ensino em Coimbra. Fora colocado no Liceu Pedro Nunes, e alugou casa “na rua Sampaio Bruno, n.º18, 3.º andar direito”, onde permaneceu até ao fim, como escreveu nas “Memórias”.

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No ano anterior, em 1956, editara o seu primeiro livro de poemas, “Movimento perpétuo”, sob o pseudónimo de António Gedeão. Mas antes, ainda na adolescência, ensaiara “Versos dedicados às desgraças por causa da carestia da vida”, textos de ficção como “Amor impossível”, a sua versão de “Os três mosqueteiros” e uma continuação de “Os Lusíadas”, com um “Canto XI”, dedicado aos anos de crise, 1578-1580.

As primeiras obras de divulgação, porém, datam de 1951, com a coleção “Ciência para gente nova”, pioneira em Portugal na divulgação científica. Rómulo de Carvalho dedicou títulos à história do telefone, da fotografia, do átomo, dos isótopos, da radioatividade e da energia nuclear, a que mais tarde juntaria “A história da lua”. “O que é a Física” e “Física para o povo” seriam reunidos, na década de 1990, na coletânea “A Física no dia-a-dia”.

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Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu em Lisboa, em 24 de novembro de 1906. Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas, pela Universidade do Porto, em 1931, e optou pelo ensino – e pelo ensino secundário, especificamente -, por “gostar de ser útil”. Construiu assim uma carreira de mais 40 anos, como “professor de liceu”.

Dedicou-se igualmente à investigação, centrada em particular na “História da Ciência em Portugal” no século XVIII, nas áreas da Física, da Astronomia e da História Natural, e na pedagogia, tendo escrito a primeira “História do Ensino em Portugal”, desde “a fundação da nacionalidade ao fim do regime de Salazar-Caetano”.

O percurso poético, encetado com “Movimento perpétuo”, teve continuidade com “Teatro do mundo” (1958) e “Máquina do fogo” (1961). Seguir-se-ia uma incursão no teatro, com “RTX-78/24” (1963), outra na ficção, com os contos de “A poltrona” (1967), mas foi a poesia que prevaleceu com os novos originais de “Linhas de força” (1967).

O jogo possível com a existência de um pseudónimo levou a “Poemas póstumos” (1983) e a “Novos poemas póstumos” (1990), que coincidiram com a publicação da “Poesia completa”, ilustrada por Júlio Pomar.

Rómulo de Carvalho foi distinguido como Grande Oficial da Instrução Pública em 1987, com o Colar da Ordem Militar de Sant’Iago, em 1996, foi académico efetivo da Academia das Ciências de Lisboa e Doutor ‘Honoris Causa’, pela Universidade de Évora, que instituiu o Prémio Rómulo de Carvalho para a área da divulgação científica.

A Federação Nacional dos Professores criou o Prémio António Gedeão de literatura. E a data de nascimento do professor, 24 de novembro, foi declarada Dia Nacional da Cultura Científica.

Rómulo de Carvalho era casado com a escritora Natália Nunes, que morreu no passado dia 13, aos 96 anos, pai da escritora Cristina Carvalho e do engenheiro Frederico Carvalho, a quem dedicou “As Origens de Portugal”, que escreveu e desenhou.

Nos cem anos do seu nascimento, em 2006, foi criado o sítio na Internet www.100anos-romulogedeao.info, que permanece ativo.

A homenagem de hoje está anunciada para as 16:00, junto à antiga casa do escritor, e prossegue às 17:30 na Biblioteca Espaço Cultural Cinema Europa, com Manuel Freire e Samuel, que cantaram poemas de António Gedeão, como “Pedra Filosofal” e “Fala do Homem Nascido”.

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