Cáritas de Coimbra diz que Câmara de Pedrógão Grande não estabelece prioridades

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 03-07-2017

O presidente da Cáritas de Coimbra, Luís Costa, fez hoje um “balanço positivo” de duas semanas de intervenção nos concelhos afetados pelos incêndios e defendeu que, passada a fase de emergência, é necessário avançar com a reconstrução.

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Desde 19 de junho, dois dias após a eclosão do fogo na povoação de Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, o trabalho da Cáritas Diocesana na Castanheira de Pera, em articulação com a Câmara Municipal, “tem corrido bem”, disse o padre Luís Costa à agência Lusa.

Em Castanheira de Pera, cuja autarquia é presidida pelo socialista Fernando Lopes, essa cooperação com a Cáritas está “muito bem organizada”.

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Já no município de Pedrógão Grande, cujo presidente, Valdemar Alves, eleito há quatro anos pelo PSD, vai recandidatar-se ao cargo nas próximas autárquicas em listas do PS, “tem havido mais dificuldade”, lamentou.

Luís Costa admitiu, no entanto, que tais problemas estejam relacionados com o facto de Pedrógão ter sido “mais afetado” pelo fogo de 17 de junho do que o vizinho município da Castanheira de Pera.

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“Estamos atados de pés e mãos. Se não for de outra forma, temos de fazer as coisas com a paróquia de Pedrógão Grande”, disse.

O trabalho com o município de Pedrógão Grande “está a ser a maior dificuldade”, acentuou, para sublinhar que a Cáritas “não faz um trabalho paralelo” e aposta antes na cooperação com as demais entidades que estão no terreno, tanto as autarquias, como misericórdias e outras organizações.

A fase de emergência “termina na terça-feira” e a Cáritas Diocesana de Coimbra “não pode estar eternamente à espera” na fixação de prioridades, designadamente quanto à reconstrução de habitações.

Caso a autarquia persista numa alegada omissão neste campo, “tem de se avançar a partir da paróquia”, frisou à Lusa o padre Luís Costa.

“Não consigo definir o que falha em concreto” da parte da Câmara Municipal “para definir prioridades” de intervenção futura, declarou.

No início da terceira semana após a tragédia, em que morreram pelo menos 64 pessoas e mais de 200 ficaram feridas, em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e outros concelhos vizinhos, o dirigente defendeu “que haja facilitação” a fim de a Cáritas “atuar no terreno para a recuperação de casas” ardidas.

Em média, 20 pessoas, entre profissionais e voluntários, têm integrado as equipas da Cáritas mobilizadas para a região, a que se juntam trabalhadores na sede da instituição, em Coimbra.

“Eles têm um comprometimento de mais de 12 horas por dia, no terreno e nas viagens”, referiu Luís Costa.

Em comunicado, a Cáritas revelou  ter recebido “donativos em numerário que ultrapassam os 900 mil euros para ajudar as populações” afetadas pelos incêndios, em Pedrógão Grande, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis e Pampilhosa da Serra.

“São já mais de 120 empresas, instituições, associações e particulares a colaborarem nesta ação, resultando em mais de 41 mil produtos angariados: 6.938 produtos de alimentação, 951 produtos de higiene e limpeza, 12.911 produtos de higiene pessoal, 348 unidades de ração para animais, 571 caixas e sacos de roupa de cama e atoalhados, 2.372 caixas com vestuário, calçado e acessórios, cerca de 400 eletrodomésticos, mobiliário e utensílios de cozinha e mais de 17 mil medicamentos e produtos de enfermagem”, segundo a nota.

As pessoas “podem vir e escolher”, disse à Lusa Mariana Figueiredo, técnica de serviço social da Cáritas, frisando que a aceitação de roupa e calçado “é muito pessoal”.

A terceira semana começa com a entrega de bens à população, hoje e na terça-feira, no Centro Paroquial de Pedrógão Grande, “onde está montada toda a logística para receber as famílias e pessoas afetadas” pelos incêndios, para que possa “ser feita a recolha das suas necessidades no curto e médio prazo e para que sejam entregues os bens necessários para o seu dia-a-dia”.

 

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