Coimbra

Candidatas do PS preparam-se para novos desafios em Bruxelas

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 17-03-2019

Maria Manuel Leitão Marques, segunda da lista europeia socialista, quer simplificar o sistema de Bruxelas, enquanto Margarida Marques, quarta candidata na mesma lista, está entusiasmada por regressar a um trabalho e a uma cidade de que gosta.

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“Sou do hemisfério sul, nasci em Moçambique e gosto muito da luz. Em Bruxelas vai fazer-me falta a luz”, afirma à agência Lusa Maria Manuel Leitão Marques, que saiu do Governo de António Costa em fevereiro passado para se candidatar a deputada pelo PS nas eleições para o Parlamento Europeu de 26 maio.

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Além da luz, a ex-ministra da Presidência e da Modernização Administrativa fala como fator menos bom inerente à sua eventual transferência para Bruxelas a distância face aos seus amigos mais próximos.

“Também gosto de ter os meus amigos por perto – e os meus amigos portugueses vão fazer-me falta”, lamenta, ressalvando, no entanto, que está habituada a mudanças desde criança.

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“O meu pai mudava por vezes de cidade e desde pequena andei de um lado para o outro. Vínhamos para Portugal, passávamos um período cá e períodos em Moçambique, num tempo em que não havia Internet. Habituei-me muito a fazer amigos onde estava, a encontrar novos amigos e novas relações sociais”, conta.

Caso se concretize a sua eleição para o Parlamento Europeu, Maria Manuel Leitão Marques espera também encontrar na capital belga amigos que têm estado distantes de si nos últimos anos.

“Tenho sempre muita curiosidade em conhecer novas pessoas e tenho muitos amigos em várias partes do mundo, de diferentes projetos de investigação em que participei como professora universitária. Nunca trabalhei em Bruxelas, mas já lá estive por períodos longos por razões familiares. Penso que é uma cidade muito humana, mais do que parece para quem a visita, embora não seja uma cidade quente como Lisboa ou Coimbra e muito menos como Maputo”, observa.

Em termos de vida diária, a ex-ministra da Presidência e da Modernização admite que poderá ser complicado o seu confronto com a realidade burocrática de Bruxelas.

“Fico sempre com o meu espírito simplificador que tenho interiorizado – e não apenas para a administração pública. Quando vou ao banco ou à operadora de telemóvel reclamo sempre por causa do excesso de burocracia. Serei uma consumidora exigente perante a burocracia excessiva e espero levar este espírito para algumas regras excessivamente complexas que nascem em Bruxelas e que nos pesam com tantos encargos em Portugal”, avisa.

Ex-secretária de Estado dos Assuntos Europeus e alta funcionária de Bruxelas ao longo de duas décadas, Margarida Marques não esconde o seu entusiasmo face à perspetiva de regressar ao trabalho nas instituições europeias.

Embora reconheça que lhe vai custar muito a distância em relação à sua neta, a Carolina, que tem seis meses, Margarida Marques declara sem hesitações que gosta muito de Bruxelas, incluindo mesmo a luz da cidade, e aponta entre os fatores aliciantes a intensa agenda cultural da capital belga.

No plano político, Margarida Marques destaca a importância do trabalho no Parlamento Europeu, nem sempre reconhecido ou percebido pelos cidadãos portugueses.

“Tenho experiência nas instituições europeias e gostei de lá trabalhar. Sente-se que há uma finalidade, que há resultados e que estamos a construir políticas que podem beneficiar os cidadãos europeus”, salienta.

O mais importante, de acordo com a “número quatro” da lista europeias do PS, é perceber no processo de construção das políticas “quais as implicações específicas que têm para os portugueses”.

“Queremos fazer progredir as políticas europeias de forma a que elas também possam beneficiar Portugal e os portugueses”, completa.

Nesta conversa com a agência Lusa, Margarida Marques e Maria Manuel Leitão Marques referem ainda que conhecem bem as regras e os direitos laborais dos assistentes que trabalham para os políticos nas instituições europeias – regras e direitos que, em Portugal, por vezes, causam alguma perplexidade.

Sem qualquer referência específica ao caso da eurodeputada Maria João Rodrigues, que saiu da lista europeia do PS por enfrentar neste momento uma queixa por assédio laboral, Maria Manuel Leitão Marques e Margarida Marques não esperam enfrentar idênticos problemas caso sejam eleitas para o Parlamento Europeu.

“Como ministra sempre respeitei a vida pessoal e familiar dos meus colaboradores. De resto, orgulho-me muito ter saído da minha mão como ministra, num trabalho coletivo com todo o Governo, o primeiro programa para a conciliação da vida pessoal profissional e familiar. É uma luta que todos devemos travar nos setores público e privado para que no nosso tempo pessoal seja mais respeitado”, reage a ex-ministra da Presidência.

Margarida Marques, por sua vez, frisa que os assistentes dos parlamentares “têm um regulamento e têm direitos”.

“E é esses direitos que têm se ser respeitados. Penso construir uma equipa com pessoas com quem já trabalhei e conheço, e que irão seguramente formar comigo um bom grupo de trabalho”, acrescenta.

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