Coimbra

Bispo de Coimbra alerta que paz depende do diálogo cultural e religioso

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 17-12-2019

Bispo de Coimbra alerta que paz depende do diálogo cultural e religioso

O bispo de Coimbra, Virgílio Antunes, defendeu hoje que o diálogo cultural e religioso é um dos fatores de que depende a paz no mundo.

Numa nota pastoral sobre o Jubileu de Santo António e dos Mártires de Marrocos, que a Diocese de Coimbra vai assinalar entre janeiro de 2020 e janeiro do ano seguinte, Virgílio Antunes escreve que a paz “está dependente de muitos fatores, e entre eles conta-se certamente o diálogo cultural e religioso, que assenta no respeito pelo princípio da dignidade da pessoa humana”.

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Este respeito vem acompanhado dos “consequentes direitos e deveres, e nos valores fundamentais, como são a vida, a paz, a verdade, a liberdade, a justiça, a solidariedade e a caridade”, considera.

No documento, o prelado deixa ainda um apelo à evangelização, recorrendo ao exemplo de Santo António, tendo em conta que, “numa sociedade religiosa do passado ou numa sociedade secularizada do presente, persiste a urgência de evangelizar”.

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“Acresce a dificuldade de estarmos num mundo fechado ao transcendente e aparentemente satisfeito com a idolatria de si mesmo, mas que se vê submergido por toda a espécie de sinais de morte, que põem em causa a vida humana e os equilíbrios da natureza, ou as razões para crer, esperar e amar”, alerta o bispo de Coimbra, acrescentando: “Mais do que nunca, sente-se a necessidade de evangelizar o interior do ser humano, as suas conquistas científicas e técnicas, as relações sociais, económicas e políticas, e até a própria religiosidade cristã vivida no espaço eclesial”.

“Na esperança de que entre nós não reapareçam as perseguições que levam ao derramamento de sangue, não deixamos de estar, hoje, sujeitos a muitas provações: as que nascem dentro de nós e são fruto dos nossos egoísmos; as que crescem dentro da própria Igreja e são consequência da sua infidelidade e pecado; as que nos chegam a partir de uma sociedade e uma cultura secularista”, reconhece o responsável pela Diocese.

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Segundo Virgílio Antunes, os cristãos estão hoje “diante do desafio de dar testemunho” da sua fé e da sua esperança, “perante a possibilidade de uma rejeição civilizada ou de uma perseguição cultural e ideológica bárbara”.

“Apesar de as sociedades modernas terem um discurso forte contra todas as descriminações, não raro dão lugar a outras, entre as quais se pode contar a discriminação social e cultural dos cristãos”, escreve o bispo.

No documento, é explicado que o Ano Jubilar assinala a chegada das relíquias dos cinco frades franciscanos, enviados por S. Francisco de Assis para o Norte de África; a ordenação de Santo António e a sua passagem do Mosteiro de Santa Cruz para o Convento de Santo António dos Olivais, em Coimbra.

Ano jubilar “é tempo de recomeçar para os que, porventura, andam afastados de Deus; de fortalecimento no caminho da conversão para os que se sentem desalentados na fé; de renovação da alegria de acolher o Evangelho para quem se sente a viver do espírito do mundo; de enraizamento em Cristo para os que ficaram sem fundamentos sólidos para a sua vida e ação, nos vários campos da atividade humana ou social em que se movem”, segundo a mensagem do bispo Virgílio Antunes.

“O nosso tempo, que foi perdendo de forma acentuada o sentido da fé em Deus, que se tornou muito indiferente à centralidade de Jesus Cristo e em que o sentido de pertença à Igreja está muito diluído, precisa de recomeçar”, defende.

Hoje, em Coimbra, foi apresentado o programa do Ano Jubilar e foi anunciado que estão previstas duas exposições no Museu Nacional Machado de Castro e no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, e uma outra no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

As exposições decorrem no âmbito da celebração em 2020 do “Jubileu dos mártires de Marrocos e de Santo António”, assinalando os 800 anos do martírio dos primeiros frades franciscanos e a sua importância na vocação de Santo António.

A primeira exposição a ser inaugurada será a do Mosteiro de Santa Cruz, dedicada a Santo António (onde este foi sacerdote e estudou), com 32 peças, entre obras de pintura e escultura do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), do Museu Nacional Machado de Castro (MNMC), da Biblioteca Municipal do Porto, bem como de espólio da região de Coimbra.

Esta exposição é inaugurada a 02 de fevereiro e estende-se até 17 de janeiro de 2021.

Segue-se a inauguração de uma exposição no MNAA, que decorre de 04 de junho a 31 de agosto, contando com uma sala centrada nos mártires de Marrocos, que simbolizam “uma viragem na oposição entre cristianismo e islamismo” (acabaram decapitados em Marrocos quando procuravam evangelizar a população local), referiu o diretor do museu, Joaquim Caetano.

Já a exposição no MNMC estreia-se em setembro e termina em dezembro, tendo como título “Do martírio à santidade – Iconografia e devoção dos mártires de Marrocos”, contando com todas as relíquias dos mártires presentes no museu, explicou a diretora do museu, Ana Alcoforado.

O Ano Jubilar, que decorre entre 12 de janeiro do próximo ano e 17 de janeiro de 2021, em Coimbra, integra, além de celebrações religiosas, diversas iniciativas, designadamente de caráter científico e cultural, como concertos, entre os quais “Missa de Santo António”, de António Vitorino de Almeida, que estreará, em 19 de julho de 2020, no grande auditório do Convento São Francisco, em Coimbra.

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