anozero vai Curar e Reparar em Coimbra até ao fim do ano

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 09-11-2017

Curar e Reparar é o tema da segunda edição da bienal anozero, produzida pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra e que, durante sete semanas, com uma exposição constituída por obras de 35 artistas e repartida por vários espaços patrimoniais da cidade de Coimbra, irá refletir sobre um mundo que reclama sistematicamente ser sarado das feridas que permanentemente abre.

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A bienal anozero arranca no sábado e prolonga-se até 30 de dezembro, tendo como espaço central o antigo quartel de Santa Clara (que está para ser vendido) , “devolvendo-o à cidade através de obras de luz, som, vídeo, pintura e escultura”, sob o tema “Curar e Reparar”.

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Dentro do quartel,  conhecido como Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, vão sendo instaladas por estes dias as obras que vão ocupar os cerca de 12 mil metros quadrados de espaço expositivo, e que transformam este edifício – antes ocupado pela Igreja e depois pelos militares – como o núcleo central da bienal anozero, que reúne na cidade artistas como Louise Bourgeois, Jimmie Durham, William Kentridge e Julião Sarmento.

carlos antunes e delfim sardo

Delfim Sardo e Carlos Antunes

Para o diretor do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (a entidade responsável pela produção da anozero), Carlos Antunes, a utilização da parte desocupada do mosteiro (a outra é gerida pela Confraria da Rainha Santa Isabel) era uma vontade antiga e foi preciso um desafio “irreverente” de um amigo para escolher aquele espaço, na margem esquerda do Mondego, do qual se vê toda a cidade.

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“Este reencontro da cidade com este edifício permite um debate mais sério sobre este edifício. Não pode voltar a ser o lugar desocupado que foi durante tanto tempo”, disse à agência Lusa Carlos Antunes, considerando que o lugar – que poucos conhecem em Coimbra – “tem de estar ligado à cidade e à sua dinâmica social e cultural”.

www.visualkosmos.com

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A escolha do mosteiro representou também um “enorme desafio” para a equipa curatorial, face à escala “muito assustadora” que o espaço apresenta, notou.

Lá dentro, o visitante vai poder percorrer um corredor de 200 metros, num trabalho de luz de Julião Sarmento, intitulado “Cura”, encontrar uma garagem quase submersa onde se ouve Chico Buarque, uma peça de Gabriela Albergaria construída a partir de objetos encontrados no mosteiro, a voz de Louise Bourgeois a cantar músicas da sua infância, terminando com uma instalação vídeo de William Kentridge, que fala da História de África, num dos torreões do edifício.

Ao contrário dos restantes espaços por onde a bienal vai estar, no mosteiro, haverá um percurso definido pela equipa curatorial.

“Uma exposição é uma sucessão de experiências. Era preciso que as experiências pudessem ter uma economia emocional, com obras com maior intensidade, outras com menor intensidade”, disse à agência Lusa o curador da anozero, Delfim Sardo, frisando que se quis imprimir uma narratividade nesse mesmo percurso, propondo uma modelação “cognitiva e emocional ao visitante”.

Muitas das obras que vão estar presentes no antigo mosteiro surgiram a partir de reptos lançados aos artistas, dialogando com o edifício, que, apesar de ser deixado “como ele é”, foi necessário “domesticar o que era domesticável”, explicou.

O próprio carácter de desocupação do mosteiro assustou a equipa, admite a curadora adjunta Luiza Teixeira de Freitas, sublinhando que o grande desafio foi garantir que a história e o peso do mosteiro não se iriam sobrepor à arte.

Quando chegaram ao espaço, encontraram janelas partidas, dejetos de morcegos nos torreões e pombos.

Após uma limpeza e a intervenção para tornar o espaço funcional, as obras de arte convivem com as paredes envelhecidas, salas vazias e bolor, num diálogo com o património.

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A bienal vai também estar nos dois espaços do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, no Museu da Ciência e na Sala da Cidade, mobilizando em Coimbra artistas de todas as latitudes.

Além das obras expostas, vai haver ainda um ciclo de cinema, várias ‘performances’, exposições, lançamentos de livros, oficinas e concertos, tais como o do multi-instrumentalista americano Laraaji, no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.

ano zero

A bienal anozero tem como promotores a Câmara de Coimbra, a Universidade de Coimbra e a Turismo Centro de Portugal.

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