Câmaras

Barbosa de Melo diz que Manuel Machado vive num frenesim comunicatório só classificável como terceiro-mundista

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 10-02-2014

O anterior presidente da Câmara Municipal de Coimbra fez um balanço dos primeiros 100 dias do seu sucessor. João Paulo Barbosa de Melo considera que Manuel Machado começou com o pé esquerdo e que esqueceu quase todas as promessas. Eis a intervenção do agora vereador do PSD na reunião desta segunda-feira do executivo municipal:

PUBLICIDADE

Entre a última reunião da Câmara e esta completaram-se 100 dias de governo PS do município de Coimbra. Sendo essa uma data simbólica, é útil – para memória futura – fazer um breve ponto de situação.

Os primeiros 100 dias do executivo liderado pelo Dr. Manuel Machado caraterizaram-se pelo sistemático esquecimento de praticamente todas as promessas feitas pelo PS em campanha: afinal a Câmara não vai devolver parte do IRS municipal e do IMT às famílias, e afinal a reabilitação urbana não é uma prioridade (basta ver que as intervenções no centro histórico desapareceram do orçamento de 2014). A conta da água afinal só vai baixar 20 cêntimos para cada família e se o IMI desce um pouco é apenas porque a oposição se uniu para o exigir, contrariando a tentativa do PS para deixar tudo como estava.

PUBLICIDADE

A paralisia sufocante dos serviços camarários começa a ser notória: os processos não andam, retrocedeu-se do correio electrónico para o papel e dos despachos feitos no sistema informático voltou-se ao despacho à mão. A par da fortíssima centralização do poder no Presidente, com dificuldade em delegar nos seus próprios vereadores (demorou mais de dois meses a dar-lhes algumas e muito limitadas competências), passou a recorrer-se sistematicamente ao expediente de alegar dificuldades técnico-jurídicas tanto para adiar decisões políticas e definições de estratégia, como para iludir as pretensões dos munícipes que vêm às sessões do Executivo. Instaurou-se um clima de desconfiança e de medo entre os colaboradores municipais, sistematicamente ameaçados com denúncias às autoridades…

A situação da maior parte da Juntas de Freguesia começa a ser alarmante, com a Câmara a incumprir com pagamentos e obrigações legitimamente constituídas, levando à sua asfixia. Como se fazia à moda antiga, o objectivo deve ser mostrar bem às Juntas quem manda agora, e que quem não se portar “bem” sofrerá as consequências… A ver vamos…

PUBLICIDADE

publicidade

Também muitas entidades terceiras, como é o caso de 7 históricas associações desportivas de Coimbra ou de associações de beneficência como o Cavalo Azul, correm o sério risco de colapsar a breve trecho por incumprimento de obrigações unanimemente assumidas pela Câmara Municipal de Coimbra no tempo do anterior executivo.

Parou a obra do Convento de S. Francisco, desconhece-se qualquer desenvolvimento de participação pro-ativa da CMC na gestão do dossier UNESCO e ignora-se o calendário para aprovação final da revisão do PDM.

A única área que funciona bem é a propaganda, que até consegue fazer notícia destacada de ações vulgares do dia-a-dia, como da plantação de umas dúzias de arbustos numa rua – os já famosos núrios da Arregaça – ou da recolha de 140 kg de lixo de uma borda (!), num frenesim “comunicatório” só classificável como terceiro-mundista. Essa máquina propagandística – tão ao jeito da política do antigamente que cada vez mais caracteriza este executivo – tenta agora vender, sem qualquer pudor, que obras como a remodelação da Escola de Santa Cruz ou do Bairro de Celas são as “primeiras” do novo executivo! Isto quando é público e notório que 99,9% do trabalho para as tornar possíveis (decidir fazê-las, mesmo contra decisões governamentais, projectá-las, fazer as especialidades, organizar e concluir o concurso público, arranjar solução para as crianças da Escola ou para os moradores do Bairro de Celas durante os processos de reconstrução, disponibilizar os fundos disponíveis, adjudicar a obra etc.) foi feito pela Câmara Municipal de Coimbra no período do Executivo anterior, e que este só não as consignou por estarmos em período eleitoral. Quando a responsabilidade do actual Executivo representou apenas os 0,1% restantes do trabalho para as obras arrancarem (i.e., o trabalho de colocar a assinatura na consignação das obras e de chamar os jornalistas para a fotografia), como é possível brandi-las como grandes vitórias da governação socialista? Será que se perdeu o sentido da decência próprio da política feita por pessoas de bem?

Começou com o pé esquerdo, o novo executivo e estes 100 dias não auguram nada de bom para Coimbra. Oxalá ainda haja tempo de arrepiar caminho porque Coimbra não merece esta forma de fazer política à moda antiga!

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE