Ataque inicial ao fogo falhou em junho e outubro

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 25-10-2017

O docente da Universidade de Aveiro (UA) Carlos Fonseca, membro da comissão técnica independente que analisou o incêndio de Pedrógão Grande, disse hoje que o ataque inicial voltou a falhar nos incêndios de 15 e 16 de outubro.

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fogo

“Se em Pedrógão aprendemos que estávamos fora da fase Charlie e, portanto, os meios eram mais reduzidos, devíamos ter percebido que se [desta vez] tínhamos condições climatéricas excecionais, devia ter havido um reforço dos meios e que tivessem a sua concentração no momento inicial do incêndio”, disse Carlos Fonseca.

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O docente falava durante um encontro que decorreu hoje na UA e que juntou especialistas, investigadores e autarcas para refletir sobre problema da floresta e dos incêndios.

Além da questão da previsibilidade, Carlos Fonseca referiu ainda que perante o fenómeno que foi o incêndio de Pedrógão Grande, “havia muitas inevitabilidades”.

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“Por mais limpo que estivesse o território (…) perante um fenómeno destes, isso não funcionava, tal como não funcionou neste fim de semana”, disse o docente.

Também presente na sessão, o presidente da Câmara de Mira, Raul Almeida, disse que o que aconteceu no dia 15 de outubro foi um “fenómeno natural” que passou pelo seu concelho.

“O fogo entrou no meu território com uma violência que nós já não conseguíamos combater”, disse o autarca, adiantando que a floresta que ardeu “até cumpria as regras”, porque “estava limpa e havia uma faixa de proteção”.

António Patrão, especialista em prevenção de incêndios, também colocou em causa os meios usados no ataque inicial aos incêndios em Portugal, adiantando que naqueles dias “as condições estavam extremas” e “o território não estava preparado para isto”.

Este especialista sublinhou ainda que durante as últimas décadas “tem faltado o trabalho com as comunidades”, realçando que 85% das ignições ocorrem em 500 metros em torno das aldeias ou das comunidades.

Eduardo Anselmo, docente do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da UA, disse que os portugueses são “dez milhões de incendiários”, porque “criam ignições em série”.

“As pessoas fazem sistematicamente coisas que em dias normais são baixamente perigosas e que não têm grandes consequências. E quando é um dia em que é realmente perigoso, continuam a fazer igualmente. Continuam a deitar foguetes e a fazer queimadas e nesses dias vai tudo”, observou.

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