Coimbra

Associação de Cuidados Paliativos diz que Presidente da República é “paliativista número um”

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 18-02-2020

 O presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) disse hoje que o Presidente da República partilha a opinião de que o investimento no setor “será sinónimo de uma sociedade moderna”, considerando Marcelo o “paliativista número um”.

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“O ‘feedback’ e a sensibilidade do senhor Presidente da República não são de agora. Há mais de 15 anos que o PR apoia a nossa causa”, afirmou Duarte Soares, no Paláciop de Belém, Lisboa, à saída de uma audiência com Marcelo Rebelo de Sousa no âmbito do debate sobre a despenalização da eutanásia.

“Não somos alheios ao sofrimento das nossas famílias e dos nossos doentes e o senhor Presidente está connosco nesta necessidade de investir, seja o Estado, seja o setor privado, seja o setor social, porque todos somos poucos para trabalhar nesta área”, declarou Duarte Soares, apelidando o PR de “paliativista número um”.

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O presidente da APCP considerou ser este “o momento importante para falar da situação nacional dos cuidados paliativos, da necessidade de investimento, da falta de acessibilidade aos serviços, da forma e da necessidade de se mudar o debate e se falar mais sobre ciência, sobre aquilo que são os desejos antecipados de morte dos doentes e porque é que desejam a morte e em que circunstâncias”.

Duarte Soares afirmou que foi muito importante transmitir ao Presidente que há necessidade de deixar a ciência falar sobre coisas como o estatuto do cuidador informal, sobre a saúde mental, sobre cuidados paliativos na pediatria.

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“Este debate da eutanásia é um caso que nos diz respeito porque somos os profissionais que estão no terreno, que lidam com o sofrimento dos doentes e famílias e que acreditam piamente que investir em cuidados paliativos é investir em retirar o sofrimento que é disruptivo daqueles doentes e das suas famílias”, vincou.

Questionado pelos jornalistas sobre o parecer desfavorável do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida aos projetos de lei do PS, BE, PAN e PEV sobre despenalização da morte medicamente assistida que vão ser debatidos no parlamento na quinta-feira, Duarte Soares congratulou-se com a decisão.

“Não nos surpreende, ficamos muito mais tranquilos e achamos que pode beneficiar nas decisões futuras e lamentamos que não tenhamos mais tempo para estudar e para, de uma forma muito sensata e muito tranquila, ter mais discernimento porque estamos a ser empurrados por uma agenda que não é nossa, que não é do interesse dos nossos concidadãos e que é uma agenda que nos é imposta mediaticamente para termos uma aprovação já na próxima quinta-feira”, declarou.

O dirigente da APCP disse que a associação também comunicou a Marcelo Rebelo de Sousa a necessidade de ser preciso tempo para que evoluam o pensamento, as decisões, o debate e a ciência sobre esta “matéria muito sensível”.

Voltando a pôr o enfoque no investimento, Duarte Soares disse que Portugal está “muito longe” do ideal, “quando 70% das famílias não chegam aos serviços e se espera há muitos anos para que venha a existir uma cobertura universal dos cuidados paliativos”.

O mesmo responsável disse que debater a eutanásia neste momento “é inoportuno”, porque “o Estado falha e falha redondamente nas diversas estratégias e não é por falta de haver estratégias documentadas em papel que não existem cuidados paliativos, porque as estratégias e o trabalho técnico está feito, as necessidades estão estimadas e não existem mais cuidados paliativos no país e mais meios para colmatar o sofrimento dos doentes e das famílias porque não há investimento”.

E deixou uma questão em aberto: “E vamos colocar o investimento onde?”

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