Portugal

Áreas de Gestão da Paisagem no Pinhal Interior contribuem para defesa da floresta contra incêndios

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 29-07-2022

 A criação das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP) para Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande e Pampilhosa da Serra vai contribuir para a defesa da floresta contra incêndios, disse hoje o Governo.

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“Se precisássemos de alguma prova, os incêndios de 2022 vieram provar que não basta termos os combustíveis geridos, porque a severidade dos incêndios é cada vez maior. Nos territórios do Pinhal Interior, já é assim desde 2003. Queremos fazer diferente. Não queremos colocar dinheiro em cima de um problema, mas resolvê-lo de uma forma estrutural”, afirmou o secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas, João Paulo Catarino, à margem da assinatura de um protocolo entre a FlorestGal e os municípios de Figueiró dos Vinhos (Aguda) e Pedrógão Grande (Ribeira de Mega), no distrito de Leiria, e Pampilhosa da Serra (Travessa), no distrito de Coimbra.

O acordo de colaboração irá permitir a elaboração das Operações Integradas de Gestão da Paisagem (OIGP), no âmbito das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP), que contam com o financiamento total do Plano de Recuperação e Resiliência.

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Segundo o governante, o problema da floresta terá de ser resolvido “com o apoio da agricultura e de todos os outros usos”.

“Percebemos, com o minifúndio que temos, que só com uma gestão agregada e em escala é que se permite que haja uma gestão agregada destas áreas significativas. Estamos a falar de 7.000 hectares nestas três AIGP, onde o Estado, por via do Governo e do PRR, apoia a 100% toda essa transformação, desde que o projeto contribua para esse fim e que os proprietários se mobilizem para que essa transformação acontecer”, acrescentou.

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João Paulo Catarino considerou ainda que a vantagem deste projeto é ser uma intervenção numa “área significativa” e não em “microparcelas”.

“Isso ajuda-nos depois a defender essa área na defesa da floresta contra incêndios e, depois, conseguir compartimentá-la com uma cultura agrícola ou com uma faixa de interrupção de combustível ou com outra cultura que nos ajude a criar este mosaico tão importante para que os incêndios não tenham esta progressão tão acelerada”

Por seu lado, os proprietários terão um rendimento durante os primeiros 20 anos, valor que irá depender de cada projeto.

O secretário de Estado sublinhou ainda que esta modificação da paisagem também ajudará Portugal a atingir as metas de sequestro de carbono.

“Só conseguiremos atingir esse objetivo se continuarmos a aumentar a nossa área florestal para aumentar a capacidade de sequestro [carbono]. Por essa via também é legítimo que os proprietários tenham algum apoio, porque estão a sequestrar carbono e a produzir oxigénio. Estão a fazê-lo em solo privado, com interesse tanto para o proprietário, como para o país e planeta. Por isso, é legítimo que o possamos compensar por isso”, rematou.

O presidente do conselho administrativo da FlorestGal, Rui Gonçalves, adiantou que o prazo de dois anos é apertado, sobretudo porque se está a “mexer com sistemas naturais”, que “têm o seu próprio tempo”.

“Não posso plantar carvalhos em qualquer altura do ano. Na altura dos incêndios não posso trabalhar na floresta e, portanto, vamos ter uma grande pressão para fazer isto. Temos a consciência de que vai ser um trabalho muito difícil”, admitiu.

Rui Gonçalves alertou ainda para que o plano que for estipulado para cada território “não seja demasiado prescritivo”.

“Com certeza que não pode ser um plano proibitivo, tem que ser alargado. Tem de se ouvir também as pessoas que estão no terreno. Os técnicos têm um papel a desempenhar, porque conhecem a realidade da ciência, mas é preciso falar com as pessoas que trabalham na terra, que têm experiência de quais eram as práticas agrícolas do passado, que podem, ou não, vir a ser utilizadas no futuro”, reforçou.

Para o presidente da FlorestGal, todo este projeto “tem de ser feito com as pessoas para que se possa obter resultados”.

Rui Gonçalves defendeu ainda uma transferência das pessoas da floresta para o meio urbano. “As pessoas, no passado, estavam na floresta, porque a sua atividade económica baseava-se na floresta e obtinham o rendimento da floresta. Esse mundo acabou. Hoje vemos pessoas que se vão instalar na floresta, mas que não têm uma relação com a floresta. Infelizmente, essas pessoas não conhecem a floresta, não sabem o que fazer quando há um problema, não tratam das terras, não são agricultores. Estão lá”, constatou.

Para o responsável, é preciso “atrair as pessoas” para estes territórios, mas “para áreas desejavelmente urbanas, onde possam estar confortáveis e seguros e deixar a quem tem que trabalhar na floresta trabalhar à vontade”.

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