Almoço da República dos Kágados acolhe vários opositores à ditadura

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 02-06-2017

A República dos Kágados, a mais antiga casa comunitária de estudantes de Coimbra, promove no sábado, na Lousã, um encontro de atuais e antigos membros, incluindo alguns que participaram na luta contra a ditadura.

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A iniciativa, que inclui almoço num hotel do centro da vila, suscitou a adesão de universitários residentes naquela república da Alta de Coimbra e dezenas dos que ali viveram no passado.

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O mais velho dos inscritos é o antifascista Manuel Ramalho Gantes, de 91 anos, que se destacou na dinamização da candidatura de Arlindo Vicente à Presidência da República e depois na negociação que permitiu a desistência deste a favor de Humberto Delegado, em 1958.

Quando o “General Sem Medo”, no auge da campanha eleitoral, falou à multidão em Coimbra, Ramalho Gantes e o advogado comunista Alberto Vilaça conseguiram iludir a PIDE, que tentou impedir Delgado de chegar à Baixa, onde era esperado por milhares de pessoas.

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A partir do Calhabé, Gantes, Vilaça e a mulher deste, Natércia, foram num carro à frente do descapotável do candidato da oposição, conduzindo-o por vias secundárias que a polícia política tinha deixado a descoberto, até chegarem sem problemas ao largo da Portagem.

Entre os participantes no encontro, estão outros homens e mulheres que, nos anos 50, 60 e 70 do século XX, estiveram empenhados ativamente na luta pela democracia e pela liberdade reconquistadas, em 1974, com a revolução do 25 de Abril, mas também alguns mais jovens, como o ator Adriano Carvalho.

O programa, no hotel Palácio da Lousã, classificado como imóvel de interesse público, inclui música popular pelo cantor Ramiro Simões, seguida de uma visita à aldeia agropastoril do Candal, na Serra da Lousã, orientada pelo médico e etnólogo Louzã Henriques, que nos tempos de estudante morou na Real República Palácio da Loucura. Preso várias vezes pela PIDE, Louzã Henriques foi companheiro na cadeia do músico José Mário Branco.

O próprio José Mário, o urbanista Lusitano Santos, o especialista em medicina tradicional chinesa Pedro Choy, o jornalista José Manuel Moroso, o “homem-estátua” António Santos, o antigo eurodeputado do PS Luís Filipe Madeira e o padre Miguel Lencastre, este já falecido, são outras das figuras públicas que viveram na República dos Kágados em diferentes épocas.

 

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