Aldeia do Xisto afetada pelo fogo conclui reflorestação no Dia da Árvore

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 31-01-2018

 Ferraria de São João, aldeia de xisto de Penela, termina o projeto de reflorestação em março, no Dia da Árvore, nove meses depois de o incêndio de Pedrógão Grande ter passado pela localidade.

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Ferraria de S. João

A 21 de março, Dia Mundial da Árvore, a aldeia da Ferraria de São João termina o processo de reflorestação na zona de proteção da localidade (cerca de 15 hectares), com a plantação de 100 medronheiros por alunos de várias escolas da região, disse à agência Lusa o presidente da associação de moradores, Pedro Pedrosa.

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“Será o momento que vai marcar o final desta fase”, vincou o responsável, referindo que, antes dessa data, ainda haverá mais duas ações, a 24 e 25 de fevereiro, em que vão ser plantadas árvores de fruto, como cerejeiras, castanheiros e nogueiras.

Ao longo dos últimos meses, foram plantadas “cerca de 600 árvores, um número abaixo do estimado de mil, porque felizmente há uma boa taxa de sobrevivência de sobreiros que estavam no meio dos eucaliptos”, explanou.

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Ao invés de esperar por medidas do Governo, a associação de moradores de Ferraria de São João optou por avançar com a criação de uma zona de proteção logo após o incêndio de Pedrógão Grande ter passado pela aldeia de xisto.

Identificaram os proprietários dos mais de 200 terrenos dos 15 hectares da zona de proteção, arrancaram eucaliptos e avançaram com a plantação de espécies autóctones, como o carvalho, recordou Pedro Pedrosa.

A localidade já contou com a ajuda de cerca de 300 voluntários em 15 ações de voluntariado promovidas ao longo dos últimos meses para limpar o terreno e plantar novas árvores, sublinhou.

“Tudo isto foi sempre feito, em primeiro lugar, com os habitantes. Fizemos 16 reuniões com a comunidade e foi sempre tudo decidido nessas reuniões, num processo de baixo para cima”, realçou Pedro Pedrosa, considerando que o processo de criação de uma zona de proteção também “levantou a autoestima” dos locais, que se começaram a aperceber que “a aldeia era falada”.

Depois de terminada a fase de replantação, os moradores vão começar a discutir um modelo de gestão da zona de proteção, bem como modelos de financiamento.

O objetivo, aclarou, é o de que a associação de moradores possa ser a responsável pelas limpezas dos terrenos e pela angariação de fundos, sem impedir que os proprietários dos terrenos possam vender ou alienar a sua propriedade.

Segundo Pedro Pedrosa, o segredo para o sucesso do projeto de Ferraria de São João está no facto de a associação ter avançado com o projeto logo após os incêndios.

“Começámos a agir localmente e não quisemos saber de grandes programas nacionais. Quisemos um processo de baixo para cima. Isto também mostra que cada um, à sua escala, pode ajudar a resolver os problemas”, frisou, esperando que o caso desta aldeia de xisto sirva também de “lição e exemplo” aos governantes para que, quando pensem em projetos, deem “uma palavra às pessoas”.

Já na aldeia vizinha de Casal de São Simão, a associação de moradores já criou um aceiro em torno da localidade, mas ainda não conseguiu cortar os eucaliptos e pinheiros no perímetro de proteção definido.

Face ao baixo preço da madeira e à falta de disponibilidade dos madeireiros, a associação decidiu adiar o corte “para daqui a seis meses ou um ano”, explanou o presidente da associação, Aníbal Quinta.

No entanto, a limpeza do mato na floresta à volta da aldeia está praticamente terminada, realçou.

Estes incêndios que começaram em Pedrógão Grande a 17 de junho de 2017 provocaram 66 mortos e mais de 250 feridos.

No mesmo dia, um grande incêndio deflagrou igualmente em Góis, sem registo de vítimas mortais.

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