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Alberto Martins abandona Assembleia da República

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 19-07-2017

O ex-líder parlamentar socialista Alberto Martins  abandoou o seu lugar de deputado do PS, para o qual tem sido sucessivamente eleito desde 1987, fazendo uma breve intervenção em plenário antes das votações.

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alberto martins

 O ex-líder da bancada socialista Alberto Martins foi hoje aplaudido de pé por todos os grupos parlamentares no final do discurso com que se despediu por vontade pessoal do seu lugar de deputado na Assembleia da República.

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Alberto Martins, que foi ministro dos governos de António Guterres e de José Sócrates, e que esteve na origem na crise académica de 1969, quando era presidente da Associação Académica de Coimbra, fez um breve discurso sobre os méritos da democracia, durante o qual citou “o democrata” Péricles da Grécia Antiga.

“Não há felicidade sem liberdade, nem liberdade sem coragem – uma boa consigna da Assembleia da República”, afirmou.

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Alberto Martins, eleito sucessivamente deputado desde 1987, disse sair da Assembleia da República, “com muitas das certezas” com que entrou no parlamento.

“A âncora do progresso da humanidade está nos grandes valores do respeito pela dignidade humana, no sentimento de fraternidade, no combate à pobreza e à exclusão, no respeito pelo trabalho, na defesa da aspiração ética da política e no equilíbrio ecológico”, disse, visivelmente comovido.

O antigo ministro socialista e resistente ao Estado Novo salientou também na sua intervenção que decidiu encerrar a sua vida parlamentar “por decisão pessoal”.

“Mas continuo civicamente empenhado na vida política, porque a política é a nossa vida. Pertenço a uma geração que, ao chegar à vida adulta, tinha o horizonte e o destino traçado, sobretudo em Portugal: um país subdesenvolvido, pobreza, miséria e uma guerra colonial”, referiu.

Para Alberto Martins, o 25 de Abril de 1974, quando tinha 29 anos, “foi o dia luminoso que mudou o destino português”.

“Em 1987, ao chegar à Assembleia da República, reencontrei-me com o local pelo qual o povo português havia lutado durante muitas décadas”, sustentou.

Antes, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, afirmou que a saída de Alberto Martins do parlamento “é um momento triste, uma vez que se trata de um amigo e camarada de lutas de há quase 50 anos”.

Alberto Martins, segundo Ferro Rodrigues, “sempre honrou as funções e cargos que desempenhou”.

Alberto Martins esteve na origem de um dos momentos históricos de contestação estudantil ao regime do Estado Novo, a crise académica de 1969, quando em 17 de abril desse ano, na qualidade de presidente da Associação Académica de Coimbra, ousou pedir a palavra perante o então chefe de Estado Américo Thomaz, durante uma cerimónia de inauguração do Departamento de Matemáticas.

“Foi sempre uma referência para uma geração desde o momento em que no ano 1969, enquanto presidente da Associação Académica de Coimbra, ousou erguer a voz contra o regime da ditadura e da guerra colonial. Foi sempre consequente com essa atitude ao longo da sua vida política intensa”, defendeu o presidente da Assembleia da República.

Após a intervenção de Alberto Martins, o presidente do Grupo Parlamentar do PS, Carlos César, pediu a palavra para referir que o seu antecessor no cargo “nasceu e renasceu em 25 de Abril”.

“Tem a seu crédito contributos relevantes para o país, particularmente para a ordem constitucional portuguesa. Alberto Martins é parte relevante da nossa história democrática contemporânea”, considerou Carlos César.

Na última sessão solene comemorativa do 25 de Abril de 1974, Carlos César escolheu precisamente Alberto Martins para discursar pela bancada do PS.

Fonte da direção da bancada socialista adiantou à agência Lusa que Alberto Martins, que foi eleito em 2015 pelo círculo do Porto, será substituído por Hugo Carvalho e não pelo “histórico” e antigo secretário de Estado José Magalhães, que pediu escusa por motivos de saúde.

Alberto Martins foi ministro da Reforma do Estado no segundo executivo liderado por António Guterres, entre 1999 e 2002, e novamente no segundo Governo chefiado por José Sócrates, entre 2009 e 2011, quando ocupou a pasta da Justiça.

Na Assembleia da República, foi líder parlamentar do PS por duas vezes, primeiro entre 2005 e 2009 no período de maioria absoluta socialista e depois entre 2013 e 2014 na direção liderada por António José Seguro.

 

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