Coimbra

Afinal, à terça-feira também há banho de multidão e (muita) cerveja

António Alves | 11 meses atrás em 23-05-2023

Milhares de pessoas marcaram presença esta terça-feira em mais um Cortejo dos Finalistas da Queima das Fitas de Coimbra. Um desfile marcado, mais uma vez, pelos banhos de cerveja (e outras bebidas) e muitas críticas ao estado atual do país, da cidade e do ensino superior.

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A dúvida era grande: será que haverá menos gente à terça do que ao domingo? A resposta foi dada esta terça-feira, 23 de maio, nas ruas da cidade onde, tal como acontecia ao domingo, muitos milhares de pessoas vieram assistir ao Cortejo dos Finalistas. Famílias inteiras e muitos amigos, sem esquecer também antigos alunos, brindaram os estudantes do ensino superior conimbricense com um verdadeiro banho de multidão.

Para agradecer, muitos deles decidiram pegar em latas de cerveja que, após agitarem um pouco, verteram sobre a cabeça de colegas e de muitos daqueles que se encontravam à sua volta. Tal como noutros anos, muitos dos alunos decidiram levar pistolas de água para cima dos carros, as quais depois de cheias eram “esguichadas” sobre quem ali estava. Houve mesmo quem tivesse pedido uma lata a um dos membros dos carros e decidisse depois vertê-la sobre a sua cabeça e fato académico.

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Tradições à parte, este foi um dos melhores anos em termos de crítica. A presença em Coimbra dos Coldplay não foi esquecida – houve mesmo quem tivesse feito uma montagem de um estudante de capa e batina com a cara do vocalista Chris Martin ou tivesse criticado o presidente da câmara por ter preferido a banda britânica aos estudantes.

Mas o principal foco da edição deste ano do Cortejo dos Finalistas foi mesmo o estado atual do país e o futuro incerto de alguns dos cursos, bem como o estado atual do ensino na Universidade de Coimbra ou, até mesmo, a própria Comissão Organizadora da Queima das Fitas.

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O caso TAP, com diversas alusões em vários carros, foi um dos temas nacionais escolhidos. Mas o principal destaque foi para o futuro incerto de muitos daqueles que ali se encontravam dentro dos veículos. Por exemplo, num dos carros de Medicina Dentária, havia quem dissesse ao António Costa para dormir descansado porque “o dentista vai-se embora sem lamento, enquanto a saúde oral não for valorizada no Palácio de São Bento”. Os finalistas de Farmácia decidiram deixar frases curtas com citações de muitos deles em que o foco era, claramente, a vontade de ir trabalhar para o estrangeiro. Mas a falta de valorização profissional também mereceu fortes críticas com alguns deles a queixarem-se de que andam a estudar 5 anos para depois, ao balcão, perguntarem apenas se “querem, ou não, número de contribuinte na fatura”.

Os estágios não remunerados, em que nem é pago “um subsídio de refeição”, ou o facto de precisarem de “100 anos para chegarem ao topo da carreira” foram outros dos problemas levantados pelos diversos cursos presentes.

O facto dos anos passarem “e os PowerPoints (dos professores) serem os mesmos”, a prepotência revelada por alguns docentes relativamente às datas das frequências e a preferência dos docentes em trabalhar no privado em vez de dar aulas estiveram no topo das críticas que também chegaram à Comissão Organizadora da Queima das Fitas.

Neste caso, houve quem desenhasse a tabela periódica dos elementos e reconhecesse que ela estava mais bem organizada que a organização da festa estudantil. Os finalistas de vários cursos do Instituto Superior Miguel Torga queixaram-se do facto da “nobreza não se misturar com o povo”, recordando que sendo eles convidados não tinham necessidade de “pagar”.

 

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