Coimbra

Adjudicações suspeitas nos Transportes de Coimbra dominam reunião da Câmara

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 08-03-2021

As adjudicações suspeitas nos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) a uma empresa de um filho do ex-autarca Jorge Alves dominou hoje o início da reunião da Câmara, com acusações entre maioria e oposição.

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Jorge Alves, que era vereador e presidente do conselho de administração dos SMTUC, renunciou a estes cargos, no fim de fevereiro, depois de o presidente da Câmara, Manuel Machado, o ter confrontado com as suspeitas, que foram participadas ao Ministério Público (MP).

Na reunião quinzenal ordinária do executivo, Manuel Machado, do PS, confirmou que os factos foram comunicados ao MP, “oportuna e documentadamente”, no dia 01 de março, tendo o município manifestado “total disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos”.

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O ex-autarca Jorge Alves, que integrava a Câmara de Coimbra desde 2013, após ter cumprido vários mandatos, também pelo PS, como vereador e vice-presidente da Câmara da Lousã, é suspeito de, enquanto presidente dos SMTUC, ter feito adjudicações por ajuste direto, a uma empresa do filho e sobrinho, de montante superior a 200 mil euros.

Manuel Machado voltou hoje a defender “o apuramento da verdade”, também através de “um processo interno de averiguações com o objetivo de identificar eventuais irregularidades imputadas ao ex-vereador”.

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Os vereadores Regina Bento e Francisco Queirós, do PS e da CDU, respetivamente, que continuam na administração dos SMTUC, reagiram a acusações da oposição, designadamente do PSD e do movimento Somos Coimbra, sobre o alegado conhecimento que teriam das situações irregulares nos SMTUC, que foi negado pelos visados.

“Reservo-me, desde já, no direito de, em face de calúnias, injúrias e difamações que ponham em causa o meu bom nome e a minha reputação (…), demandar os respetivos autores, no foro próprio e em tempo útil”, declarou Regina Bento.

Francisco Queirós, afirmando que se revê da posição da colega do PS, expressou a sua “firme condenação dos eventuais atos praticados” pelo ex-presidente dos SMTUC, os quais, a serem confirmados, “são altamente condenáveis” pela CDU.

“Aguardamos serenamente o resultado da investigação do MP”, disse, por sua vez, o vereador e líder do Somos Coimbra, José Manuel Silva.

Na sua opinião, “ninguém acredita” que Regina Bento e Francisco Queirós “nada soubessem” das adjudicações em causa e exigiu “explicações ao povo de Coimbra por esta vergonhosa situação”, que associou a uma “gestão incompetente e pouco ética” dos SMTUC nos últimos anos.

A vereadora agora independente Paula Rego, que em 2017 foi eleita pelo PSD, manifestou “apoio e solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras” da empresa municipal de transportes e defendeu que é necessário “apurar as devidas responsabilidades” no processo.

Paulo Leitão, do PSD, quis saber se os mencionados administradores dos SMTUC, Regina e Francisco, “tinham ou não tinham conhecimento da relação familiar” de Jorge Alves com os donos da empresa adjudicatária.

“Todos os ajustes diretos foram aprovados por unanimidade”, sublinhou.

Já o socialista Carlos Cidade, vice-presidente da Câmara, recordou “o trabalho gigantesco que [Jorge Alves] realizou nestes sete anos”, admitindo que o ex-colega no executivo “tenha cometido um erro”.

“O senhor é o único nesta sala que sabia há muito o que estava em causa”, referiu, dirigindo-se a José Manuel Silva, que primeiramente comunicou ao Ministério Público a suspeita de adjudicações ilegais.

Por unanimidade, a Câmara aprovou duas moções da CDU sobre o centenário do PCP e sobre o Dia Internacional da Mulher, que hoje é celebrado.

Paula Pego apresentou ao executivo uma proposta para que, em conjunto com a Associação Académica de Coimbra, seja realizado um estudo sobre o papel das mulheres da Crise Académica, que eclodiu na cidade em 17 de abril de 1969, que foi igualmente aprovada por unanimidade.

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