2017: Constança Urbano de Sousa, a ministra que não resistiu à tragédia dos fogos
Constança Urbano de Sousa não conseguiu resistir ao drama dos incêndios florestais, que provocaram mais de cem mortos, e acabou por se demitir do cargo de ministra da Administração Interna a 18 de outubro.
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A contestação a Constança Urbano de Sousa começou em junho, após o incêndio de Pedrógão Grande, que provocou a morte a 66 pessoas, uma vasta área ardida e milhares de euros em prejuízos.
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Foram várias as vozes a pedir a demissão da então ministra da Administração Interna, nomeadamente o CDS/PP, mas Constança Urbano de Sousa resistiu e afirmou várias vezes que se mantinha no cargo, enquanto tivesse a confiança do primeiro-ministro.
“Era mais fácil demitir-me, mas optei por dar a cara”, disse várias vezes, na altura.
Perante os deputados na Assembleia da República e com a voz embargada e quase a chorar, Constança Urbano de Sousa declarou: “Este não foi o momento mais difícil da minha carreira política, foi o momento mais difícil da minha vida”.
No entanto, em outubro, na carta de demissão que entregou ao primeiro-ministro, ficou-se a saber que, em junho, tinha pedido para abandonar o cargo, mas António Costa reiterou a confiança e alegou sempre que era tempo de agir e não de pensar em demissões.
Depois de uma época de fogos que não deu tréguas e dos mais de 500 incêndios que deflagraram num único dia, a 15 de outubro, e provocaram 45 mortos na região Centro do país, Constança Urbano de Sousa acabou por sair, alegando a necessidade de preservar a sua dignidade pessoal.
A demissão de Urbano de Sousa aconteceu três dias depois dos incêndios de 15 de outubro e horas depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa declaração ao país feita a partir de Oliveira do Hospital, um dos concelhos mais afetados pelos fogos, ter aumentado ainda mais a pressão sobre o Governo.
Marcelo afirmou que era preciso “abrir um novo ciclo”, na sequência dos incêndios, e que isso “inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo”.
Para o cargo de ministro da Administração Interna, o primeiro-ministro escolheu Eduardo Cabrita.
Durante os incêndios, a atuação da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) foi também contestada, com várias críticas à falta de coordenação, tendo ainda sido colocada em causa a reestruturação feita na entidade no início do ano, devido à nomeação de novos comandantes pouco tempo antes do início da época de fogos.
Apesar das críticas à sua atuação, o comandante operacional nacional da ANPC, Rui Esteves, manteve-se no cargo, tendo acabado por se demitir, em meados de setembro, devido às polémicas que envolveram a sua licenciatura.
No mesmo dia em que é conhecida a saída da ministra da Administração Interna, o presidente da ANPC, Joaquim Leitão, apresentou a demissão.
A 09 de novembro, tomou posse como presidente da ANPC o tenente-general Mourato Nunes, antigo comandante-geral da GNR, que vai ter pela frente a missão de reestruturar este organismo.
Uma das suas primeiras opções foi a escolha do coronel da GNR António Paixão para comandante operacional nacional e de Patrícia Gaspar para segunda comandante.
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