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Nossa Senhora das Preces envolvida em polémica

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 20-02-2014

O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, serviço tutelado pela Conferência Episcopal Portuguesa, considerou hoje o restauro de 13 esculturas do Santuário da Nossa Senhora das Preces, em Oliveira do Hospital, como “criminoso, danoso e prejudicial”.

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“Relativamente a esse caso específico, a opinião, que é do senso comum e generalizada, é que é uma intervenção criminosa, danosa e prejudicial para o património que se enquadra num universo muito vasto de que este é apenas um exemplo”, afirmou à agência Lusa a diretora do secretariado, Sandra Costa Saldanha.

Insistindo que “é um caso entre muitíssimos outros”, Sandra Costa Saldanha referiu tratar-se de um “atropelo às regras mais básicas e elementares dos princípios de conservação e restauro” e de um “atropelo claro e evidente ao próprio bem sob o ponto de vista patrimonial que, depois, tem consequências naquilo que é o próprio respeito pela imagem religiosa que está associada ao culto”.

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“Não estamos a falar de objetos musealizados, mas de obras de arte sacra afetas ao culto que foram tratadas como bonecos e não como objetos de arte sacra como deveria de ser”, salientou a responsável.

Para Sandra Costa Saldanha, “nos inúmeros casos” em que tal sucede, “o que antes de mais se observa é o completo desrespeito pela obra de arte, neste caso sujeita a gostos pessoais de quem é responsável por estas intervenções”.

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“São situações graves porque são recorrentemente irreversíveis. A obra é completamente descaracterizada e não permite um retorno ao original, podendo determinar a perda total da obra e do seu valor patrimonial”, acrescentou.

Recordando que “todas as dioceses do país têm serviços vocacionados para a área dos bens culturais da Igreja” e que “esses serviços têm de ser consultados”, a diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja sustenta que “são muitos os casos de intervenções feitas sem ser dado conhecimento ao serviço diocesano”.

“Há uma autonomia que é nociva em muitas circunstâncias na abordagem desta matéria sem que haja uma responsabilização, uma penalização, o que, de alguma forma, explica que as situações continuem a suceder-se continuadamente”, lamentou Sandra Costa Saldanha.

O restauro efetuado a 13 esculturas do Santuário da Nossa Senhora das Preces, em Oliveira do Hospital, foi alvo de críticas por parte de restauradores, mas outros responsáveis expressaram satisfação pelo trabalho.

O restauro, desenvolvido, em 2007, envolveu Miguel Vieira Duque e os seus alunos da Universidade Sénior de Coimbra.

À Lusa, Miguel Vieira Duque sublinhou que, apesar de os alunos terem participado em todas as fases da restauração, o trabalho é da sua responsabilidade.

“O resultado final enche-me de orgulho”, disse, informando que trabalha no ramo do restauro “há 22 anos” e que “nunca” tinha estado numa situação semelhante.

O santuário, localizado na freguesia de Aldeia das Dez, tem cerca de 60 esculturas espalhadas pelas capelas, todas elas “a precisar de restauro”, informou Basílio Martins, tesoureiro da Irmandade da Nossa Senhora das Preces, entidade que gere o espaço.

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