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Não há condições!

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 07-10-2014

A maioria dos serviços de saúde em Portugal não dispõe de condições adequadas ao exercício da enfermagem, e se se mantêm a funcionar isso deve-se ao espírito de missão dos profissionais, afirma o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE).

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Apesar de se assumir contrário ao encerramento de serviços e de camas,  Germano Couto disse que continuará a defender o fecho sempre que haja risco iminente para a segurança dos cuidados aos cidadãos.

«Eu defendo a contratação de enfermeiros em primeiro lugar. O objetivo não é destruir o Serviço Nacional de Saúde, mas alertarmos para as vidas humanas”, sublinhou, segunda-feira à tarde em Coimbra durante a iniciativa Conversas na Ordem da Secção Regional Centro (SRC) da OE.

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Nesse evento, que teve como convidado especial António Arnaut, fundador do SNS há 35 anos enquanto Ministro dos Assuntos Sociais, o Bastonário lembrou que a atribuição mais nobre da sua Ordem é a defesa incondicional da qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem.

Apesar de o Código Deontológico dos enfermeiros estabelecer direitos – segundo o Bastonário – o direito a condições de exercício adequadas não é assegurado na maior parte dos serviços de saúde.

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«Ao contrário do que o senhor Ministro da Saúde diz, a maior parte dos enfermeiros acumulam nos seus próprios serviços porque de forma responsável e com sentido de missão conseguem manter os serviços abertos, às vezes não se sabe bem como», observou.

Realçou que os enfermeiros estão exaustos, porque «não trabalham 40 horas por semana, trabalham, em alguns casos, 60 e 70, caso contrário muitos serviços e camas já teriam encerrado».

Na sessão, subordinada ao tema «Enfermagem e Cidadania», António Arnaut relembrou os propósitos que idealizou para o SNS e as dificuldades dessa conquista. Aproveitou para exortar os enfermeiros e os restantes profissionais de saúde a defenderem essa conquista, que «custou muito a obter porque, como em todas as conquistas, foi ferir alguns interesses instalados».

Também o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Germano Couto, criticou os interesses instalados na Saúde, frisando que muitos deles não estão interessados em que o desperdício acabe.

A prevenção da doença e promoção da saúde, que são atribuições dos enfermeiros, «não geram dinheiro a curto prazo. O que gera dinheiro é reabilitar e curar», observou.

A sessão, que juntou o António Arnaut e o Bastonário da OE, foi uma oportunidade de olhar em retrospetiva os 35 anos do SNS, completados a 15 de setembro, e interrogar sobre as opções políticas atuais e os desafios à sua sustentabilidade financeira.

Em anteriores edições Conversas na Ordem teve como convidados o então Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto, e o Presidente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), Jorge Simões.

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