Economia

Greve para obrigar Soporcel a meter mais “papel” no Fundo de Pensões

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 27-05-2014

Os trabalhadores da papeleira Soporcel, da Figueira da Foz, iniciaram às 20:00 de hoje um período de greve pela primeira vez na história da empresa, que pode durar oito dias.

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Num plenário realizado na segunda-feira, os trabalhadores decidiram manter os pré-avisos que determinam dois períodos de paralisação de quatro dias, o primeiro a iniciar hoje às 20:00 e a terminar às 24:00 de 31 de maio, e o segundo a começar às 00:00 de 02 de junho até às 24:00 de 05 de junho.

O porta-voz da Comissão Sindical, Vítor Abreu, disse hoje à agência Lusa que as instalações foram seladas “de acordo com a direção fabril” e que já não entram camiões na empresa, situada em Lavos.

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“Foi iniciada a paragem da laboração e já não há pasta nem papel nas máquinas”, explicou o sindicalista, referindo que nas instalações da empresa estão a funcionar dois piquetes de greve, um deles com cerca de 100 trabalhadores.

Segundo Vítor Abreu, a adesão “é muito global” com cerca de 90% dos 683 trabalhadores a participarem na greve contra as decisões da empresa relativas ao fundo de pensões, discussão que se arrasta há quase seis meses.

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Os trabalhadores da Soporcel protestam contra as alterações ao fundo de pensões que, de acordo com fonte sindical, passará do sistema atual, intitulado de “benefício definido” – a empresa contribui com 08% do salário dos trabalhadores e garante o capital do fundo – para um sistema de “contribuições definidas”, em que a participação da empresa baixa para os 04% (podendo os colaboradores, voluntariamente, contribuírem com a percentagem que quiserem) mas o capital existente no fundo passa a depender das flutuações do mercado e outros aspetos.

Os trabalhadores alegam que com as novas regras vão ter um prejuízo de 40 a 60% nas suas pensões.

O coordenador da União de Sindicatos de Coimbra, António Moreira, destacou segunda-feira à agência Lusa a “sistemática recusa” da administração da empresa, que integra o grupo Portucel Soporcel, segundo maior exportador nacional em 2013, em discutir com os representantes dos trabalhadores um caderno reivindicativo para 2014 apresentado em março e questões de relação laboral.

A contestação ao novo fundo de pensões levou os trabalhadores da Soporcel a intentarem uma ação judicial, em março, no tribunal administrativo, contra uma deliberação do Instituto de Seguros de Portugal e outra ação judicial, contra a própria empresa e relacionada com questões laborais está, segundo António Moreira, “pronta para avançar” para o tribunal do Trabalho.

A unidade industrial da Soporcel, situada em Lavos, Figueira da Foz, entrou em funcionamento em 1984 e desde essa data não havia registo da convocação de nenhuma greve dos trabalhadores.

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