Coimbra

Governo quer silenciar Orquestra Clássica do Centro

Notícias de Coimbra | 9 anos atrás em 01-10-2015

A Orquestra Clássica do Centro manifesta o seu desapontamento por causa do Secretário de Estado da Cultura ter afirmado que enquanto ele estiver no Governo não haverá financiamento para a instituição com sede em Coimbra. 

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Veja o comunicado:

A propósito do Dia Mundal da Música

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A Propósito dos Apoios Pontuais da DGARTES

Celebramos hoje o Dia Mundial da Música, essa linguagem universal!

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Infelizmente, também hoje recebemos tristes notícias no que respeita a mais uma candidatura apresentada à Dgartes a que não vimos atribuído um cêntimo.

Sobre isso gostaríamos de prestar publicamente alguns esclarecimentos. Fomos recebidos há poucas semanas pelo Senhor Secretário de Estado da Cultura que, numa conversa curta e fria, nos informou que não houve, não há, nem haverá, segundo ele, qualquer apoio para a OCC.

Disse não perceber, nem aceitar a existência de duas orquestras na zona centro. “Apoiamos, disse, “ a Filarmonia das Beiras com sede em Aveiro. Apoiar outra, seria pôr esta em causa, o que não vamos fazer de forma alguma”. Interessante é verificar que a Orquestra Nacional da Casa da Música faz agora 15 anos ( tantos quantos a OCC). Inicialmente com a designação de Orquestra Nacional do Porto, mudou-se para a Casa da Música e alterou o nome para Orquestra Nacional da Casa da Música. Os seus orçamentos, certamente adequados às necessidades, e bem, escusamo-nos de os referir, pois são do conhecimento público. Curiosamente, as mesmas razões apontadas pelo secretário de Estado da Cultura não colocaram nunca em causa, e muito bem, o financiamento à Orquestra do Norte, situada em Amarante, com formação sinfónica e com o apoio anual do Estado de€ 760 000,00.

A Orquestra das Beiras recebe anualmente do Estado o valor de € 552 182,72.Estes apoios, são renovados sistematicamente sem qualquer concurso, já que estes se encontram congelados desde 2003, fechando a porta a todos os outros que apresentam o seu trabalho sem financiamento do Estado. A título de curiosidade, a Associação Musical das Beiras (Orquestra das Beiras) tem uma formação de Câmara e não tem formação sinfónica, como acontece com as duas apoiadas no Norte ( Porto e Amarante) .

Assim, ainda que o Estado apoie (e bem) a orquestra residente na Cidade de Aveiro e hipotéticamente viesse a apoiar a OCC (32 músicos-formação de orquestra clássica), as duas em conjunto teriam mesmo assim que contratar muitos reforços para poder apresentar programas que as orquestras já referidas residentes no Porto e Amarante podem apresentar a todo o tempo.

Falar ainda das razões que levam ao encerramento e ressurgimento de orquestras apoiadas pelo Estado, sempre por questões financeiras (os famosos buracos de milhões), são razões que parece só ao Estado dizerem respeito e portanto o melhor é nem falar sobre o assunto, que os cidadãos podem ficar chocados!

A ironia é de facto a melhor companhia, ou não seja o Estado e os que o representam governantes de todo um povo.

Mas, dizia o senhor secretário de Estado (da Cultura, repetimos), que a Orquestra Clássica do Centro para continuar o seu trabalho “ que procure o apoio nas Câmaras, a Universidade, Instituições  e  empresas desta região.

Ponto.

O Senhor Secretário, dentro do seu poder discricionário, já não tem pejo algum em escolher também associações a quem entrega valores na ordem dos 50.000 euros sem qualquer concurso . Porque sim!

Em Julho de 2015 e por ocasião da entrega do Prémio Miguel Torga 2015 a Mário Lúcio, a OCC teve o privilégio de o receber como intérprete no concerto que teve lugar no Pavilhão Centro de Portugal, numa obra do próprio Mário Lúcio e com orquestração de Vasco Martins, que participou igualmente neste concerto como intérprete.

Neste concerto esteve o Senhor secretário de Estado da Cultura que tanto apreciou o concerto e as obras que ali ouviu (em Coimbra e pela OCC). Tanto gostou que, com entusiasmo, referiu–nos o compositor, iria fazer de tudo para que a Sinfónica Portuguesa – Lisboa a pudesse executar brevemente. De Lisboa, repetimos!

Tudo fez também para que não se concretizasse o projecto da OCC em Coimbra que, por o considerarmos importante do ponto de vista musical – cultural e mesmo do ponto de vista politico (no que isso de melhor representa), aqui partilhamos.

Partilhamos, seguindo a sugestão do Senhor Secretário de Estado, pois talvez consigamos com o apoio local de pessoas, instituições ou empresas para concretizar aquilo que o responsável pela CULTURA do Governo deste país não viabiliza. Triste é ser governado por quem não tem a minima vontade de apoiar o que se faz há 15 anos com orçamentos ridículos e com gestão mais que rigorosa.

Não será possivel lutar muito tempo contra poderes instalados e contra visões mesquinhas da cultura.

Ao invés do apoio é-nos oferida a desmotivação  num esforço continuo de destruir o que com grande esforço se CRIA mesmo assim!

Fica aqui o apelo então às empresas, instituições ou pessoas colaboração para a concretização de um projecto que estamos certos aproxima culturas, inova e faz História.

Um brinde à Música neste Dia Mundial da Música neste MOMENTO PRESENTE!

 

Este é o projecto que não mereceu o apoio financeiro:

MOMENTO PRESENTE

O projecto que apresentámos insere-se claramente no objectivo específico definido para a área artística Música, dado abordar o património musical e a composição portuguesa, tratando-se de um trabalho que resulta da relação / ou inspiração em temas populares ou tradicionais como a morna ou o fado e a sua abordagem em termos da música que se designa por erudita.

Aliás, esta candidatura é apresentada na sequência de um protocolo de colaboração entre a OCC e o Centro de Estudos da Morna de Cabo Verde, projeto a apresentar contempla por estas razões um programa de atividades que procura respeitar também a Resolução nº 68/237de 2013 da Ass. Geral da ONU. Assim, este projeto que resulta da parceria existente entre o Ministério da Cultura de Cabo Verde, o Centro deEstudos da Morna e a Orquestra Clássica do Centro, ganha uma particular pertinência pelo facto de o país estar a preparar a candidatura da suacanção nacional à classificação como Património da Humanidade pela UNESCO. A Morna e o Fado, este já classificado pela UNESCO, são ascanções nacionais de Cabo Verde e Portugal, países integrantes da CPLP (Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa). A OCC, comsede em Coimbra, foi convidada pelo Ministro da Cultura, Dr. Mário Lúcio Sousa, a desenvolver um projeto de colaboração para a consolidaçãoda nascente Orquestra Nacional e para atuar no seu espetáculo fundacional. A OCC deslocou-se de novo a Cabo Verde em 2015, desta vez como apoio à Internacionalização da DGartes, para em parceria e em sintonia cultural trabalhar com Os que naquele País reconhecem a Músicacomo a grande embaixadora da fraternidade e da igualdade. Este ano apresentou em estreia com a formação da OCC que se deslocou a CaboVerde, a obra “Momento Presente” na Cidade do Mindelo e na Cidade da Praia. Vasco Martins, poeta, musicólogo e compositor lusocaboverdianoé um autor vivo com a nacionalidade portuguesa e caboverdiana com os seus estudos centrados na presença da GuitarraPortuguesa em Cabo Verde, sendo o responsável pelo Centro de estudos da morna. Vasco Martins, nas suas composições para orquestra, oupara piano e guitarra clássica – três vertentes que se destacam na sua obra – parte das raízes musicais do seu país para as cruzar com a músicaerudita de tradição europeia e oriental. Neste projeto propomo-nos realizar a gravação e edição de um CD com obras de sua autoria. Deste CDfará parte ainda um documento escrito com dados sobre este estudo e ligações (origem da morna, ligações com o fado por exemplo). Haverálugar à realização de concertos e cafés concerto sobre a mesma temática. Com reportório sobre o mesmo tema para grupos de Câmara.

Atendendo às ligações com o Ministério da Cultura de Cabo Verde que a nossa associação tem tido ao longo dos anos, o CD será lançado também em Cabo Verde. Com isto promovemos o encontro de culturas e de povos, promovemos o diálogo intercultural, promovemos a inovação

e a criatividade, criando ainda públicos, contribuindo para o reconhecimento e desenvolvimento de afrodescendentes. A apresentação de temas populares ou tradicionais com uma roupagem de música habitualmente designada por erudita, conseguirá também na música ultrapassarbarreiras dentro dos ouvintes de um e outro género musical. Sendo certo que só aprendemos a gostar aquilo que nos é dado a conhecer, por isso a organização de conferências e cafés concertos. Acreditamos que no/do encontro muito se inova e se cria.

A gravação, a concretizar-se o projeto, ocorreria no Auditório do Conservatório de Música de Coimbra que gentilmente cede as instalações ao abrigo do protocolo que existe com a nossa associação. Nos vários conservatórios com quem a OCC tem protocolos de colaboração, tais comoCoimbra, Guarda ou Figueira da Foz, seriam levadas a cabo alguma ações de sensibilização sobre os temas da interculturalidade e técnicas de composição inspiradas em músicas populares ou tradicionais.A orquestra, com a sua formação habitual, terá ainda a participação de solistascomo o próprio Vasco Martins. A apresentação do CD, que inclui texto escrito sobre a problemática aqui abordada de forma aaprofundar e dar a conhecer as diferenças e as ligações entre estes vários géneros musicais, pois com diz Vieira Nery “não há culturas puras ( ….) Todas as influências africanas da música portuguesa passam por Cabo Verde, pois não havia barco que ali não passasse. Cabo Verde é o centro triangular musical da Europa, África, Brasil” disse, acrescentando ainda que “nenhuma música é pura. Todas elas são resultado de compromissos de troca” .

Não há culturas puras, mas há quem  a promova e existe quem castre sistemáticamente a capacidade e vontade de fazer acontecer !

Obrigada pelo não apoio, Senhor Secretário de Estado da Cultura de Portugal!

A Direcção

Emília Cabral Martins

Margarida Ramos de Carvalho

António Pinho Marques

 

 

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