Médicos

Especialistas analisam queda de transplantes e procuram soluções a partir de 6ªfeira

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 05-12-2013

A queda acentuada do número de transplantes em Portugal e a procura de soluções para inverter esta tendência vão estar no centro de um simpósio que vai reunir vários profissionais da área, entre sexta-feira e sábado.

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Os últimos números oficiais sobre a transplantação de órgãos são de 2012 e são “francamente dececionantes”, disse à Lusa Fernando Macário, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), acrescentando que se acentuou a tendência de queda que se vinha verificando desde 2010.

O responsável sublinhou que estes números estão muito abaixo dos de 2009, ano em que, na Europa, Portugal se situava em segundo lugar relativamente à colheita de órgãos e em primeiro na transplantação de rim e fígado.

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“Desde então fomos descendo. Ainda somos dos que estão acima da média europeia, mas descemos muito, comparando com espanhóis, por exemplo”, afirmou.

No ano passado, realizaram-se 681 transplantes em Portugal, menos 157 do que no ano anterior, o que representa uma queda de 19%.

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Em quatro anos, de 2009 até 2012, a redução do número de transplantes foi de aproximadamente 27%, com menos 247 transplantes realizado.

Quanto a 2013, embora os dados sejam ainda provisórios, Fernando Macário assinalou uma melhoria em relação ao ano anterior na zona Centro, em Coimbra.

No entanto, globalmente o cenário não é animador, uma vez que entre janeiro e maio deste ano houve 271 transplantes, menos 23 do que no mesmo período de 2012 e o valor mais baixo desde 2009.

Verificou-se, contudo, uma particularidade: o número de dadores em morte cerebral foi exatamente o mesmo nos cinco primeiros meses de 2012 e 2013, mas o número de órgãos com qualidade para transplantação diminuiu 6% este ano, o que baixou o número de transplantes.

Esta falta de qualidade dos órgãos tem que ver com o aumento médio de idades dos dadores, que em 2012 era de 51,2 anos e em 2013 passou para 55,2 anos.

“Um dos objetivos do simpósio é debater estes problemas relacionados com a doação e colheita de órgãos, tentamos juntar pessoas da transplantação com as que estão ligadas a deteção dos dadores, à coordenação de transplantes e à colheita de órgãos. Vamos pôr as pessoas a discutir estes problemas, desde abordagem ética e legislativa, até ao diagnóstico de morte circulatória e cerebral”, explicou Fernando Macário.

O presidente da SPT sublinhou que até há meses só se podia fazer transplante em morte cerebral, agora já é possível em coração parado, o que abre novas perspetivas de se aumentar o número de transplantes no país.

“Em Espanha, os transplantes de dadores com coração parado correspondem a 10% do total de dadores”, disse, acrescentando que “outro aspeto que não é discutido diretamente é a colheita em dadores vivos, em que estamos abaixo dos números europeus”.

Questionado sobre a explicação para estas quebras, Fernadno Macário não tem dúvida quanto ao facto de haver menos acidentes de viação, o que há uns anos atrás era a principal fonte de dadores.

Hoje, a principal fonte são os mortos por causas médicas, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), o que também tem vindo a baixar.

“Tal como a população está a envelhecer, também a idade média do dador tem subido muito nos últimos anos: há potencial dador, mas há problemas de falta de saúde, como diabetes, e os órgãos não estão em condições de serem utilizados”, acrescentou.

No entanto, o responsável salienta que não há uma causa única para esta quebra. As razões são várias e vão desde problemas de organização de cuidados intensivos, à falta de coordenação em algumas áreas, ou [o facto de] hospitais não estarem constituídos ainda como hospitais de transplantação.

 

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